A EMS sugeriu nesta segunda-feira (21) uma combinação de negócios com a farmacêutica Hypera, em proposta que envolve uma oferta pública de aquisição (OPA) de até 20% das ações da Hypera por R$ 30 e o restante em troca de ações. O valor representa um prêmio de 16,9% em relação ao preço de fechamento da ação da Hypera na sexta-feira (18), de R$ 25,67. A Hypera informou que seu conselho de administração irá estudar a proposta.
Em carta à Hypera, a EMS diz que a oferta será lançada diretamente por seus acionistas controladores e que, após a combinação de negócios, a nova empresa será listada no Novo Mercado.
A EMS, que afirma ser “o maior conglomerado farmacêutico do Brasil”, propõe um conselho de administração com nove membros para a empresa combinada, sendo cinco indicados pela EMS. A operação daria à EMS o controle de ao menos 60% do grupo farmacêutico, podendo ultrapassar 70% conforme a adesão à OPA.
“Com base em estudos preliminares, a transação deverá resultar em ganhos expressivos de eficiência operacional e de capacidade de produção, ao mesmo tempo que reduzirá custos, expandindo as margens operacionais e aumentando a geração de caixa”, afirmou a EMS em carta divulgada pela Hypera.
Caso a fusão avance, poderá criar uma farmacêutica com faturamento anual de R$ 15,9 bilhões, com lucro operacional (Ebitda), estimado em R$ 5 bilhões, sendo a maior parte disso vindo da EMS, que hoje é uma empresa menos endividada.
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As conversas para uma eventual fusão ocorrem há mais de um ano, segundo indicam as apurações, com conversas diretas entre Carlos Sanchez, o dono da EMS, com João Alves de Queiroz Filho e a mexicana Maiorem, os principais acionistas da Hypera, que juntos possuem 36% das ações da companhia. Além da dupla, o grupo Votorantim tem uma fatia de 5,1% na farmacêutica.
A avaliação de pessoas envolvidas na negociação é de que a combinação poderá gerar sinergias robustas e uma empresa com 17% de participação de mercado, mais que o dobro da Eurofarma, a segunda maior do país.
A EMS é mais conhecida pelos medicamentos Gerovital, Lacday e Balsamo Bengué, enquanto a Hypera é dona de rótulos como Engov, Neosaldina e Benegripe. A Hypera é dona também da Neo Química, marca que dá nome ao estádio do Coritnhians.
Namoro antigo
Esta não é a primeira vez que notícias em torno de uma possível consolidação envolvendo os maiores laboratórios farmacêuticos do país surgem na mídia.
Em 2022, a Reuters apurou junto a uma fonte com conhecimento do assunto que a Hypera discutiu a venda da companhia para o Grupo NC, controlador da EMS. Na época, a Hypera também chegou a discutir uma venda para a Eurofarma, acrescentou a fonte.
A Hypera é dona de algumas das principais marcas de medicamentos que não precisam de receita do país, como Buscopan, Coristina e Neosaldina. Nos últimos anos, a empresa tem investido para ampliar sua base de moléculas de medicamentos genéricos e tem planos de ter uma fábrica piloto de medicamentos oncológicos em 2026.
A Hypera teve lucro líquido em 2023 de R$ 1,65 bilhão, sob receita líquida de R$ 7,9 bilhões. Na oferta, o grupo NC afirma que a EMS teve faturamento líquido de R$ 7,95 bilhões no ano passado. Em 2022, a EMS teve lucro líquido consolidado de R$ 311,3 milhões, sob receita líquida de R$ 5,7 bilhões.
Pouco antes das negociações das ações da Hypera serem suspensas para divulgação do fato relevante, os papéis da farmacêutica caíam cerca de 2,3%, após oscilarem entre altas e baixas influenciadas pelo anúncio da estratégia de otimização de capital e, posteriormente, notícia sobre a EMS.
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