Segundo Housel, as pessoas deveriam ter um dia específico em seu trabalho sem o compromisso de reuniões, chamadas ou entregas. Apenas sentar em um sofá e refletir sobre o que está funcionando, o que não está e o que pode ser feito a respeito.
O investidor ainda acredita que, para algumas áreas específicas, seria necessária uma vez por semana. O problema dessa prática é que ela é muito difícil de ser implementada pelas empresas, pois sentar-se no sofá não parece trabalho.
Acontece que em muitas funções que envolve pensamento crítico, pouco se pensa. Estamos sempre atrasados e no modo automático, o que pode prejudicar nossa performance de longo prazo e a inovação.
2 – Eventos raros ocorrem o tempo todo, pois muitas coisas não relacionadas podem dar errado
Se, em qualquer ano, houver 1% de chance de uma nova pandemia desastrosa, 1% de chance de uma depressão devastadora, 1% de chance de uma enchente catastrófica, 1% de chance de um colapso político, e assim por diante, a chance de que algo ruim e raro aconteça no próximo ano são significativas.
Não à toa, Arnold Toynbee afirmou que a história “é apenas uma coisa atrás da outra”.
3 – Risco é o que você não pode ver
Pensa que só acontece com outras pessoas, a que não está prestando a devida atenção, está deliberadamente ignorando e não está nos noticiários. Dessa forma, pequenas surpresas geralmente causam mais danos do que algo grande que está nas notícias há meses.
4 – Podemos demorar muito para perceber as consequências de alguns eventos, mesmo depois de terem acontecido
Housel conta que em janeiro de 1930, dois meses após o crash das ações, que desencadeou a Grande Depressão, uma pesquisa nacional mostrou o que os americanos consideravam como o maior problema. A economia foi citada apenas no sétimo lugar. Como diz o historiador Frederick Lewis Allan: “Não é durante um colapso que as pessoas se rebelam, mas depois dele”.
Vejo muitas similaridades desse conceito com o momento em que vivemos atualmente. A verdade é que ainda não temos noção das consequências dessa pandemia, e muitos possuem a certeza de que o pior já passou.
5 – Quando as taxas de juros são muito baixas, histórias sobre o que o futuro pode ser são mais importantes do que o presente realmente é
As taxas de juros em patamares médios afastam os investidores de histórias sobre o potencial futuro, e, portanto, mais arriscadas, e atraem para as promessas mais próximas, e realistas. Acontece que, quando os retornos caem para zero, narrativas sobre o futuro se tornam mais atraentes, mesmo se de baixíssima probabilidade, sendo recompensadas pelo mercado.
Para Housel, os seres humanos são muito bons em inventar histórias incríveis. O investidor acredita que este seja um dos motivos para que empresas de tecnologia questionáveis estejam nas máximas históricas, mesmo com a quantidade de desempregados existentes.
6 – A incerteza em meio ao perigo é aterrorizante
Por conta disso, é confortável para os seres humanos terem opiniões fortes sobre determinado assunto, mesmo que não tenham ideia do que estão falando. Sendo assim, reconhecer que não se sabe e não agir por impulso parece ser imprudente, pois muito pode estar em jogo.
Coisas complexas são sempre incertas, a incerteza gera medo por conta do potencial de perigo que a acompanha e as respostas reduzem o medo, mesmo que errada, pois passam a falsa impressão de controle.
Sendo assim, queremos respostas convictas quando o ambiente está mais incerto, que é quando as respostas convictas realmente não existem.
7 – A crise do Covid-19 é a primeira na era das redes sociais
O que sabemos das redes sociais é que: i) As informações se espalham rapidamente; ii) as informações falsas se espalham mais rápido ainda; iii) a polarização aumenta quando o debate acontece online, dividindo a sociedade em dois times, o meu contra o seu.
Acredito que esses pensamentos de Morgan Housel são muito valiosos. Sei que é muito difícil colocá-los em prática, pois vão de encontro ideias mais conhecidas, mas as pessoas que conseguirem fazê-lo serão certamente recompensadas por isso.