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Carro por assinatura: montadoras ‘invadem’ serviço e já concorrem com locadoras
Nos últimos meses, 4 marcas lançaram seus programas, com mensalidades a partir de R$ 900.
As montadoras já perceberam que, para sobreviver nas próximas décadas, precisam se transformar em empresas de mobilidade, diversificando as áreas de atuação.
Muitas já apostam em serviços de compartilhamento e tantas outras têm firmado parcerias com gigantes da tecnologia para desenvolverem modelos autônomos e mais conectados.
Aqui no Brasil, as fabricantes estão apostando em outro tipo de serviço: o carro por assinatura, “invadindo” um segmento até então dominado pelas locadoras, suas grandes clientes.
Nos últimos meses, Fiat, Jeep, Renault e Volkswagen anunciaram a entrada nesse novo segmento. A marca de luxo Audi já havia lançado seu programa em meados de 2020.
Os preços começam em R$ 869, mas podem passar de R$ 13 mil por mês.
Como funciona?
O princípio é bastante simples. Você paga uma mensalidade e recebe um carro novo, já emplacado, segurado e com toda a documentação paga. Na hora da revisão, basta levar o carro até a concessionária e realizar o serviço. O custo já está incluso no aluguel.
Ainda é possível pagar por outras “mordomias”, como leva e traz na hora das revisões e películas escura e antivandalismo.
Os planos variam de 12 a 36 meses, e sempre estão vinculados a uma franquia de quilometragem, que pode ser de 500 a 3.000 km por mês. Como comparação, um brasileiro roda, em média, de 1.000 a 1.200 km por mês.
Se ultrapassar essa cota, há uma cobrança por km excedente.
Ao final desse prazo, o cliente ainda pode renovar o contrato e receber um carro novo. Vale lembrar que, no serviço de carro por assinatura, o veículo não fica no nome do proprietário.
Comprar ou alugar?
Pagar menos de R$ 1.000 por mês para ter um carro com a maior parte das despesas incluídas parece tentador. Porém, nem sempre a locação de longo sai mais em conta do que a compra do veículo.
Nesse caso, é preciso colocar na ponta do lápis, e a resposta depende do perfil do cliente e da forma de pagamento.
Por exemplo, quanto maior a entrada e menor o número de parcelas do financiamento, mais vantajoso é comprar um carro em vez de alugar.
Por outro lado, se a verba disponível para a entrada for pequena (ou até inexistente), e o prazo de pagamento for mais longo (até 60 meses), alugar pode ser uma saída, já que os juros em um financiamento maior e mais longo também são maiores.
O cliente ainda precisa considerar custos de emplacamento, tributos (IPVA e licenciamento), seguro e manutenções, além da desvalorização do veículo na hora da venda.
Outro fator que não pode ser desprezado é o rendimento que o dinheiro destinado a compra de um carro pode oferecer, caso o comprador opte pelo aluguel.
Ainda devem ser levadas em consideração questões subjetivas, como o desejo de ter a posse de um veículo, tempo gasto para cuidar das burocracias de emplacar um carro novo, cotar seguro e lidar com as concessionárias na hora de realizar as manutenções periódicas.
Como calcular
No fim, a conta que deve ser feita é:
Valor gasto na compra do veículo (preço do carro e custo do financiamento) + documentação + emplacamento + seguro + manutenção.
Dessa soma, deve ser subtraído o valor de venda do veículo.
Se você investir o valor do veículo ao optar pelo aluguel, precisa subtrair o rendimento no total dos custos.
O resultado dessa conta é simples. Se o valor for superior ao custo do aluguel, não vale a pena comprar o carro. Caso contrário, a locação é mais vantajosa.
Quem oferece?
Audi
Ainda na fase piloto, o programa da Audi é aberto ao público em geral, mas tem foco em empresas que precisam de carros para seus executivos. Os contratos são de 24 meses, com quilometragem total de até 48 mil km ao término do prazo.
Atualmente, há 20 unidades disponíveis, dos modelos A6, A7, Q8 e e-tron. Os preços vão de R$ 9.590 a R$ 13.290.
As marcas lançaram em janeiro o Flua!, a plataforma de assinatura de veículos do grupo Stellantis.
É possível escolher entre oito modelos da Fiat (Argo, Cronos, Grand Siena, Strada, Toro, Doblò, Fiorino e Ducato) e dois da Jeep (Compass e Renegade). Os contratos variam de acordo com o modelo, mas podem ser de 12, 24 ou 36 meses, com franquias de quilometragem de 1.000 km, 2.000 km ou 3.000 km por mês.
As mensalidades começam em R$ 1.350, mas podem chegar a R$ 4.430.
A fabricante francesa entrou de forma agressiva no mercado de carros por assinatura com o Renault On Demand.
Seu principal chamariz são as mensalidades começando abaixo de R$ 1.000 nos planos de locação de 20 meses com quilometragem mensal de 500 km para o Kwid.
Além do subcompacto, estão disponíveis os modelos Stepway e Duster, em contratos de 12, 18, 20 ou 24 meses e quilometragem mensal de 500 km, 1.000 km, 1.500 km ou 2.000 km.
O Sign&Drive é o serviço oferecido pela Volkswagen. O cliente pode escolher entre T-Cross, Nivus, Jetta ou Tiguan, em planos de 12 ou 24 meses, com franquia mensal de 1.800 km.
Os preços vão de R$ 2.099 a R$ 3.659 por mês.
* André Paixão é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha