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Especial COP27: dinheiro para salvar o mundo

Conferência pode se tornar um paraíso para empresários de países em desenvolvimento já que precisam de capital para realizar projetos sustentáveis.

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A COP27, Conferência Internacional das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas se iniciou nesse domingo, no Egito, e pode se tornar um paraíso para os empresários, principalmente dos países em desenvolvimento, que precisam de capital para realizar seus projetos sustentáveis. Vamos vivenciar uma era de enxurrada de dinheiro internacional para salvar o mundo.

No entanto, fica uma dica para as empresas, que sempre repito em minhas colunas, e farei mais uma vez: tenha em mãos projetos consistentes e robustos que tragam impactos climáticos positivos. Afinal, as conferências da ONU foram criadas para incentivar a realizá-los.

Desde 1995, anualmente, as Nações Unidas fazem as Conferências das Partes (COP) para atualizar o Quadro Geral Climático global através da reunião de líderes de todo o mundo para evitar o que a ONU chama de interferência humana perigosa no clima. A COP é um evento com caráter decisório, responsável por monitorar o panorama climático e por verificar se o Acordo de Paris está sendo cumprido.

Na COP26, no ano passado, percebeu-se que não bastava avançar em punições ou incentivos regulatórios apenas, era necessário colocar muito dinheiro para financiar os países a se enquadrarem nos acordos de clima assinados. Implementação de projetos e os seus financiamentos são os dois principais assuntos da COP27.

Na conferência anterior foram feitos enormes progressos regulatórios no mercado de carbono para servir como plataforma de financiamento dos projetos climáticos. Por exemplo, dobrou-se os investimentos para adaptação climática para países em desenvolvimento até 2025 e prometeu-se um financiamento de 14 bilhões de libras, cerca de 90 bilhões de reais na cotação atual, para acabar com o desmatamento até 2030 em todo mundo.

Todo esse dinheiro foi prometido para conseguir implementar e financiar os projetos climáticos acordados pelos países de manter o aumento da temperatura média global “bem abaixo” de 2°C e idealmente à 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (o Pacto Climático de Glasgow COP26 reafirma um caminho de 1,5°C).

No entanto, as últimas pesquisas realizadas demonstram que não estamos conseguindo alcançar tais metas, segundo elas, se continuar como estamos, teremos temperaturas acima de 2,4°C à 2,6°C a partir de 2050. O Egito, sede da atual COP, é um bom exemplo do aquecimento global: do século passado para cá, o país teve um aumento de temperatura na ordem de 2°C.

Um dos motivos para não estarmos conseguindo alcançar tais metas é que não está havendo tanta ambição dos países e empresas privadas para realizar projetos. Na verdade, precisa-se de um combustível forte para colocar o motor do ESG (acrônimo em inglês para os aspectos ambientais, sociais e de governança) para funcionar e acelerar, para fazer com que empresários e governantes percebam que temos o fim do mundo como caminho se não fizermos nada.

Há muito tempo, venho dizendo que o melhor combustível para as empresas poderem realizar qualquer projeto sustentável é dinheiro, a ONU sabe disso, o que ela quer com a COP 27 é exatamente isso, conseguir orientar os fluxos financeiros para projetos que baixem as emissões dos gases de efeito estufa e alcancemos as metas de temperatura global. 

Fica a dica: empresários, aproveitem, vai entrar uma enxurrada de dinheiro no Brasil para projetos ESG. Se preparem, mas não fiquem só no planejamento e discurso, ajam! Ajustem sua governança para receber esses recursos e ajudem a salvar o mundo.

Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas, Sócio e Diretor de ESG da Grant Thornton.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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