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O ESG vai te pegar em 2024: inovação em modelos de receita e negócios limpos e renováveis

Nessa coluna, o foco é compreender que a inovação tecnológica é o motor do ESG.

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Esse é o quarto de um especial de cinco artigos com as previsões e temas mais quentes de investimentos sustentáveis em 2024. Nessa coluna, o foco é compreender que a inovação tecnológica é o motor do ESG (acrônimo em inglês para os aspectos financeiros ambientais, sociais e de governança) e que os investimentos sustentáveis estão tornando possível a criação de novas formas para as empresas gerarem receitas e novos modelos de negócios surgem.

É importante compreender o que é um modelo de negócio, e para isso, basta você saber como a empresa gera sua receita e quais são os seus custos advindos. De forma simples: uma indústria farmacêutica que gera receita produzindo e vendendo remédios tem seus custos advindos da produção e distribuição para essa comercialização, portanto, o modelo de negócio é a produção e venda de medicamentos.

Por isso, indico investir em empresas que buscam novos modelos de negócios, novas gerações de receitas ou redução de custos com a economia verde e suas tecnologias inovadoras. 

Os tempos são de mudanças rápidas e profundas nas estruturas de mercado e da produção econômica, mais do que isso, a base da nova economia é em cima do carbono neutro. A percepção agora é de que o mercado é baseado no preço do carbono – e isso tende a influenciar no sucesso das empresas. E por esse motivo a conta muda.

Você pode pensar em um modelo de negócio tanto do lado da receita quanto da despesa; neste caso, o avanço de tecnologias de nanomateriais a base de carbono – como o grafeno – tem se provado como grande agente de eficiência tecnológica e de redução de elementos nocivos e poluidores em nossa indústria. E isso por sua vez influencia diretamente na redução do custo de produção das indústrias e na geração de nova receita com a comercialização dos créditos de carbono ou aumento do ativo intangível de ser uma empresa mais ambientalmente sustentável.

Veja o exemplo do uso do grafeno em indústrias como a cimenteira, setor muito poluidor que com menos de 1% de adição em plásticos e concreto reduz em até 30% o consumo de resina virgem e cimento. Ou seja, pode-se com a adição desse nanomaterial chegar a reduzir o custo de produção em até 30%. 

Agora, em uma economia à base do carbono neutro, essa indústria pode, além disso, gerar uma nova receita também da venda dos créditos de carbono ou mesmo conseguir um capital mais barato dos investidores por conta da busca por se tornar carbono neutro.

Diversos setores estão buscando formas diferentes de se aproveitarem da revolução tecnológica verde, sendo a indústria de mobilidade urbana uma delas. Nesse caso, o governo brasileiro está vindo como agente incentivador por estar preparando nesse momento medidas de estímulo à produção nacional de ônibus elétricos para que as frotas se tornem carbono neutro. Segundo pesquisa da Plataforma E-Bus Radar, dos 107 mil ônibus que rodam no Brasil, apenas 444 são elétricos. 

Olha o gigantesco tamanho do mercado de uma nova fonte de receita que se apresenta para as empresas distribuidoras de energia elétrica. Para efeito de comparação com países da América Latina, segundo a E-Bus Radar, no Chile há 2043 ônibus elétricos; na Colômbia, 1590. 

Ou seja, com 10% da frota de ônibus acrescido dos veículos elétricos, as empresas distribuidoras de energia elétrica terão uma fonte de receita nova enorme proveniente da comercialização de sua energia em tomadas instaladas em estacionamentos dos ônibus, supermercados, shoppings, prédios comerciais, residenciais, sem contar em postos de gasolina. 

Esses são só alguns dos exemplos de novas gerações de receita e modelos de negócios que vão se espelhar pelo mundo advindas da corrida para a transição para uma economia carbono neutro e vocês já sabem que temos que aproveitar esses incentivos. Em breve, eles também se encerram, principalmente, quando os retornos financeiros dos projetos sustentáveis diminuírem ou quando os custos de capital se tornarem mais caros para as empresas. De qualquer maneira, mesmo não fazendo nada, o ESG vai te pegar em 2024.   

Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas, Sócio e Diretor de ESG da Grant Thornton.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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