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Por que o Brasil é vice-campeão de empregos verdes do mundo
Perdemos somente para a China que
possui 42% dos 12,7 milhões desse tipo de posto de trabalho no mundo.
Nas últimas semanas nossos olhares estavam todos voltados para a Copa do
Mundo, infelizmente a taça não veio para o Brasil, acredito que não sirva de consolo
mas no campo da economia sustentável estamos perto do topo: somos o segundo
país com mais empregos verdes no mundo, só perdemos para a China.
Segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA)
compilados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) o Brasil responde por
10% de todos os empregos verdes do mundo. Perdemos somente para a China que
possui 42% dos 12,7 milhões desse tipo de posto de trabalho no mundo.
Maiores empregadores verdes
Esmiuçando um pouco mais os dados, percebemos que os maiores empregadores
verdes estão no setor de energia renovável, tanto na produção de energia elétrica
quanto de biocombustíveis. E nessas duas indústrias podemos dizer que somos
uma potência mundial tal qual nossa seleção.
Ou seja, se aumentarmos ainda mais os investimentos em energia renovável e no
“enverdecimento” de outros setores relevantes como da agroindústria podemos não
só gerar milhões de empregos como nos tornarmos uma das maiores economias
verdes do mundo e ainda pintarmos o amarelo da biodiversidade.
Não precisa ser um grande economista para perceber isso, temos um ecossistema
notoriamente propício para termos esse protagonismo. Possuímos recursos naturais
abundantes, enorme biodiversidade e podemos cantar aos quatro cantos que assim
como os dizeres estampados na parte interna de uma camisa da seleção brasileira
“Nascidos para jogar futebol” somos um país nascido para a economia verde.
Vantagens geopolíticas do Brasil
Temos que aproveitar nesse momento algumas outras vantagens geopolíticas. Na
Europa, por conta da guerra entre a Ucrânia e a Rússia houve um aumento do
investimento em energia advinda do carvão, que ainda servirá nesse momento para
ajustes de curto prazo na oferta de energia.
E, não há o que fazer, 40 a 50% do gás fornecido para os países desse continente
até a guerra era proveniente da Rússia, hoje apenas 15% vêm de lá e isso vem
sendo reduzido conforme o confronto prossegue. Os países europeus se voltaram
para o carvão, energia super suja, mas que garantirá que a produção de aço seja
continuada.
A Inglaterra aprovou recentemente, depois de 30 anos, a perfuração de
uma mina de carvão profunda para fornecimento de coque para a indústria de aço.
Outro gigante europeu, a Alemanha, quer assegurar com o carvão que haja
fornecimento de energia no inverno.
Corrida pela energia renovável
Mas não achemos que isso durará e que o Brasil surfará a economia verde sozinho,
no meio disso tudo não esqueçam que temos outra guerra, aquela contra os efeitos
negativos climáticos e o contraponto foi dado na semana passada quando a
Agência Internacional de Energia publicou que a Europa vai iniciar uma corrida pela
energia renovável.
O ponto de virada, segundo a Agência, é a própria guerra da Ucrânia que
impulsionou os investimentos em energia renovável e que fixou o ano de 2025 como
aquele em que mais da metade da energia produzida no continente europeu será
renovável, ultrapassando aquelas advindas do carvão.
Isso tudo posto, ainda ficaremos no topo se assumirmos nosso protagonismo nesse
novo formato econômico, temos que continuar a mostrar ao mundo que somos um
país nascido para isso e que os investimentos aqui trarão retornos superiores aos
investidores e a saúde de nosso planeta. Temos que vestir a camisa: “Nascidos
para a economia verde com uma pitada de amarelo!”
*Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas, Sócio e Diretor de ESG da Grant Thornton.
*As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do
InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação.
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