Colunistas

Qual o lugar da mulher negra nas empresas?

Neste mês da Consciência Negra, o ESG News com Liliane Rocha traz a percepção de uma executiva negra de sucesso que tem contribuído para o crescimento das empresas.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 4 min

Para falar sobre a importância da agenda ESG nas empresas, nossa colunista Liliane Rocha convidou Viviane Elias, uma das maiores especialistas em Inovação e Gestão de Risco da atualidade com atuação em empresas nacionais e multinacionais nos segmentos varejistas, financeiros, de tecnologia, seguros e saúde. 

Atualmente, Viviane é Alumni do Grupo Conselheiras 101, primeiro grupo de formação de executivas negras para posições de conselho. Viviane falou sobre a importância de as empresas olharem com mais cuidado para a gestão de riscos como forma de se manterem atuantes e sustentáveis em seus mercados. “As empresas precisam começar a atuar com mitigação de riscos, mas, quando digo isso, não se trata só de olhar o risco pelo viés financeiro, é urgente fazer gestão de risco de forma holística em todo o negócio”, explica a executiva. 

Viviane menciona que é possível fazer a mitigação de riscos desde que haja uma área ou equipe dedicada ao tema, principalmente em se tratando de grandes investidoras “Vivemos sob risco todos os dias. Então, o ideal é se antecipar a eles e isso só pode ser feito com planejamento, com profissionais que estão 100% do tempo focados nisso. Se não for assim, os prejuízos (financeiro, ambiental, de capital humano e até de reputação), podem ser gigantes e até incontornáveis”. 

Entre as dicas que Viviane dá para quem está buscando implementar uma agenda ESG de sucesso está a atenção especial às questões de Governança.

“É preciso focar no G de Governança. Não adianta ter uma estrutura ambiental e social muito boas e alinhadas, se você não faz o mesmo com a Governança. Só a partir disso as empresas poderão mitigar todos os riscos e obter sucesso em suas iniciativas”. 

Viviane Elias, especialista em Inovação e Gestão de Risco

Abordando o mês da Consciência Negra, Liliane Rocha perguntou para Viviane Elias sobre como ela enxerga a presença da mulher negra nas empresas, principalmente em cargos de liderança. A executiva disse que tem visto um movimento de valorização da presença de líderes negras nas empresas, porém, ainda muito pequeno e com uma questão problemática que é a não permanência dessas mulheres em seus postos.

“Hoje eu lamento que muitas empresas estejam contratando mulheres negras apenas como tokenismo, ou seja, apenas para mostrar que é uma empresa inclusiva. Isso chega a ser cruel, afinal a mulher negra é a base da pirâmide, então as empresas precisam viabilizar que essa base esteja sólida, e quando essa mulher negra assume uma posição de liderança e não consegue entregar seus resultados, devido ao racismo estrutural, surgem diversos impactos como a insegurança psicológica, impactos na equipe, impactos de performance etc.”, diz. 

Viviane também apontou motivos de celebração, entre eles a presença de mais mulheres negras em Conselhos, mas reforça que para além do Mês da Consciência Negra, as empresas precisam investir efetivamente na capacidade de mulher negra. “Hoje das 500 maiores empresas do Brasil nenhuma tem uma CEO negra. As únicas startups que têm mulheres negras na liderança são as que já nasceram com o objetivo de oferecer serviços e produtos para a população negra”, comenta. 

Para as empresas que querem investir na agenda ESG, Viviane deixa uma provocação: “O que você investidor, investidora, empresário, empresária estão fazendo para ser realmente um aliado da causa? Já está provado que, do ponto de vista financeiro, ter profissionais negros na equipe é mais vantajoso, então se você não olha para essa questão certamente está perdendo dinheiro. Além disso, ter pessoas negras vivendo e convivendo com você é transformador, pois possibilita novos aprendizados, imersão em novas culturas e vivências etc.”, finaliza Viviane Elias. 

Acesse a coluna ESG News com Liliane Rocha e se atualize sobre temas que certamente vão refletir nas decisões empresariais daqui para o futuro.

Mais Vistos