Economia
3 fatos para hoje: crise pode afetar alta de juros do BCE; ações chinesas caem
E mais: Lula recebe proposta de arcabouço fiscal de equipe econômica e deve dilvulgá-la antes do Copom.
1 – Turbulência financeira ofusca planos de alta de juros do BCE
Os formuladores de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) se reúnem nesta quinta-feira, 16, em meio a turbulências nos mercados financeiros que podem forçá-los a se desviar dos planos de outro forte aumento das taxas de juros devido a temores de uma nova crise financeira, mesmo com a inflação elevada.
Depois de aumentar os juros desde julho em seu ritmo mais rápido já registrado para conter a inflação, o BCE havia prometido outro aumento de 0,50 ponto percentual nesta quinta-feira e sinalizou mais movimentos nos próximos meses.
Mas o colapso, na semana passada, do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos levantou preocupações sobre o estresse em todo o setor bancário e fez com que as ações despencassem, com o Credit Suisse, há muito enfrentando problemas, no centro das perdas na Europa.
Embora as ações estejam subindo nesta quinta-feira depois que o banco central da Suíça garantiu uma ajuda de US$ 54 bilhões ao Credit Suisse, a volatilidade mantinha os mercados sob estresse, uma preocupação para o BCE já que a política monetária trabalha via sistema financeiro.
Isso exige que o BCE, o banco central de 20 países que usam o euro, concilie seu mandato de combate à inflação com a necessidade de manter a estabilidade financeira diante da turbulência.
“O suporte fornecido pelo Banco Nacional Suíço ao Credit Suisse remove o risco sistêmico a um ponto em que o BCE ainda poderá elevar os juros hoje em 0,50 ponto”, disse Lorne Baring, diretor executivo do B Capital SA.
Dando suporte a uma aumento maior dos juros, as novas projeções econômicas do BCE mostrarão a inflação ainda bem acima de sua meta de 2% em 2024 e ligeiramente acima em 2025, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto.
Enquanto isso, as projeções para a inflação subjacente, um indicador da durabilidade do avanço dos preços, devem ser elevadas, um indicação de que a desinflação será prolongada e a política monetária terá de permanecer restritiva por algum tempo.
2 – E derruba índice de Hong Kong a mínima em quase 3 meses
Os temores de uma crise bancária com o movimento sem precedentes dos reguladores suíços de prometer ajuda ao banco Credit Suisse impactou as ações da China e de Hong Kong, em especial, as voltadas a nova energia e petróleo.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 1,2%, atingindo mínima de 1,22%, enquanto o índice de Xangai caiu 1,12%.
O Índice Hang Seng, de Hong Kong, teve queda de 1,72%, indo ao nível mais baixo desde 21 de dezembro de 2022.
Em Hong Kong, o Baidu Inc. liderou as quedas, com recuo de 6,36%. As ações de petróleo também pesaram no índice de blue chips, com CNOOC caindo 4,91%.
3 – Já Lula disse ter recebido proposta de arcabouço de Haddad
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite de véspera que ainda não viu a proposta de arcabouço fiscal preparada pela equipe econômica, mas deve conversar sobre o tema com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e quer ter o projeto definido antes da viagem para a China que acontece no próximo dia 24 deste mês.
À jornalistas, Haddad afirmou que a proposta já “está no Planalto” e que Lula vai decidir se o novo arcabouço fiscal será divulgada antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para a semana que vem.
O encontro do colegiado começa na terça-feira e termina na quarta-feira, dia 22, quando o BC divulgará a Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 13,75% ao ano.
Segundo o ministro, o arcabouço fiscal será uma regra nova de acompanhamento das contas públicas que dará um “horizonte sustentável”, mas não será uma regra de dívida. Segundo ele o governo procurou fazer uma combinação entre a Lei de Responsabilidade Fiscal e o teto de gastos “que afasta os defeitos”.
Com informações da Reuters
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