Economia
3 fatos para hoje: inflação na China; saque-aniversário e morte Gerdau
32,7 milhões de trabalhadores aderiram ao saque-aniversário.
CPI na China sobe 0,1% na comparação anual de agosto; PPI recua 3%
O índice de preços ao consumidor (CPI) da China subiu menos que o esperado na comparação anual de agosto, enquanto o de inflação ao produtor (PPI) teve deflação menos acentuada, segundo dados oficiais divulgados no fim de semana.
Pesquisa do escritório de estatísticas chinês, conhecido como NBS, mostra que o CPI da segunda maior economia do mundo avançou 0,1% em agosto ante igual mês do ano passado, após cair 0,3% no confronto anual de julho. O resultado de agosto ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de 0,2%.
Já o PPI da China teve queda anual de 3% em agosto, menor do que o declínio de 4,4% de julho. O consenso no levantamento do WSJ era de recuo de 2,9% no mês passado.
Em relação a julho, o CPI chinês registrou alta de 0,3% em agosto, enquanto o PPI mostrou ganho de 0,2%.
Na mira do governo, saque-aniversário é usado por 32,7 milhões de trabalhadores
O saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), instrumento que entrou na mira do governo, ganhou escala ao longo dos últimos anos e passou a movimentar bilhões de reais no sistema bancário, por meio de empréstimos que antecipam as retiradas do Fundo. Segundo a Caixa Econômica Federal, 32,7 milhões de trabalhadores aderiram ao saque-aniversário, sendo que metade (16,9 milhões) contratou financiamento tendo esses recursos como garantia. Até agosto de 2023, o total de créditos contratados por essa via somava R$ 111,4 bilhões.
Dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) do início do ano apontavam que 70% dos usuários dessa linha estavam negativados, e não tinham acesso a outras fontes de crédito.
Esses números dão a dimensão de quão espinhoso é o assunto para o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que é contrário ao saque-aniversário e quer restringir o acesso a ele.
A modalidade foi criada por lei em 2019, na gestão Jair Bolsonaro, em meio à estratégia da então equipe econômica de estimular o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
O novo tipo de saque permitiu que o trabalhador fizesse retiradas sempre no mês do seu aniversário – seja para consumo, quitar dívidas ou aplicar em outro investimento com maior rentabilidade, já que o FGTS rende apenas 3% ao ano, menos do que a poupança (6,17%) – o que está sendo questionado no Supremo Tribunal Federal.
Só que a nova sistemática impede o beneficiário de ter acesso ao valor acumulado na conta em caso de demissão sem justa causa. Nesse caso, pelas regras vigentes, o trabalhador só pode sacar o montante referente à multa rescisória, que corresponde a 40% do valor total depositado pelo empregador. Se quiser retornar ao saque-rescisão (que permite o resgate em caso de desligamento), há um período de carência de 24 meses.
Projeto de Lei
Para Marinho, trata-se de uma “distorção”, uma “injustiça contra o trabalhador”. O ministro alega que o FGTS foi criado justamente para socorrer o beneficiário em caso de demissão e que, portanto, houve um desvio de finalidade. Técnicos do Ministério do Trabalho entendem ainda que a regra dos saques anuais fere outro objetivo do FGTS, que é o de criar uma poupança para bancar investimentos em infraestrutura. Marinho já enviou à Casa Civil projeto de lei que altera as regras do saque-aniversário e permite à pessoa demitida acesso ao valor integral do fundo.
Projeto de lei prevê liberar R$ 14 bilhões com mudança
O projeto de lei enviado pelo Ministério do Trabalho à Casa Civil prevê que o acesso ao valor integral do fundo seja permitido também de forma retroativa, ou seja, tanto para os trabalhadores demitidos ao longo dos últimos anos quanto para os futuros desligamentos. A pasta avalia que a medida pode injetar até R$ 14 bilhões na economia.
O texto, porém, ainda precisa ser discutido com os integrantes da área econômica e submetido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que volta hoje da Índia.
Restrição
O Estadão apurou que o ministério avalia a possibilidade de impedir que o trabalhador demitido retorne ao saque-aniversário depois de tirar o saldo remanescente do FGTS. Dessa forma, ele ficaria vinculado apenas ao saque-rescisão – evitando as retiradas periódicas e reduzindo, gradualmente, o alcance da nova modalidade.
Para os trabalhadores que contrataram empréstimos com a garantia do FGTS, o projeto determina que os débitos sejam obrigatoriamente quitados com o valor resgatado.
“Vamos imaginar um cidadão que tenha R$ 30 mil de saldo (no FGTS) e que tomou um empréstimo de R$ 10 mil. Ele salda o que deve ao banco e terá direito de sacar o que lhe resta no fundo em caso de demissão”, explicou o ministro.
Morre Germano Gerdau, empresário e acionista do grupo siderúrgico Gerdau
Empresário e um dos acionistas do grupo que leva o nome de sua família Germano Gerdau Johannpeter, 91, faleceu no Rio de Janeiro na última sexta-feira (8). De acordo com comunicado, Germano morreu por causas naturais. O empresário deixa duas filhas, Fernanda e Germana, além de seis netos.
Junto com seus irmãos Jorge, Klaus e Frederico, Germano formou a quarta geração que comandou o grupo siderúrgico Gerdau. “Juntamente com seus irmãos […] fez parte da geração que transformou, não apenas a Gerdau (GGBR4), mas a indústria brasileira do aço, construindo a centenária multinacional brasileira que hoje atua em nove países”, diz nota.
O comunicado lembra que o empresário tinha senso de humor e inteligência marcantes, assim como era um exímio contador de histórias, muitas delas registradas no seu livro Memórias de Aço. Sua atitude sempre otimista, ressalta a nota, foi fundamental para superar as dificuldades que se apresentaram ao longo da história e crescimento da Gerdau.
“Os irmãos Klaus, Jorge e Frederico reconhecem e agradecem imensamente a capacidade do Germano de conduzir de forma harmônica a relação entre os familiares. Ele foi decisivo no sucesso da companhia por essa capacidade conciliadora, além de ter sido líder absoluto e incondicional na área comercial da empresa”, conclui a nota.
O grupo Gerdau é comandado desde 2018 por um profissional fora da família, e está na quinta geração.
*Com Estadão Conteúdo.
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