Economia

3 fatos para hoje: inflação zona do euro; Lula cobra ministros e Japão

Inflação na zona do euro desacelera em maio. Lula pede articulações políticas dos seus ministros.

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Inflação na zona do euro em maio é confirmada em 6,1% na base anual

A inflação ao consumidor da zona do euro desacelerou acentuadamente em maio, confirmou a agência de estatísticas da União Europeia nesta sexta-feira (16), com o núcleo dos preços também enfraquecendo.

A Eurostat confirmou suas estimativas anteriores de que os preços nos 20 países que usam o euro ficaram estáveis em maio na comparação com o mês anterior, resultando em um aumento de 6,1% na base anual, contra 7,0% em abril.

A contribuição dos preços de energia, por muito tempo a principal força motriz da inflação, foi negativa em maio em 0,09 ponto e o principal fator passou a ser o custo da alimentação, álcool e tabaco, que acrescentou 2,54 pontos ao valor final.

A segunda maior contribuição foi a alta dos preços dos serviços, com 2,15 pontos, enquanto os bens industriais somaram mais 1,51 ponto.

O Banco Central Europeu quer manter a inflação em 2% no médio prazo e tem aumentado rapidamente as taxas de juros desde meados do ano passado para conter a inflação.

O BCE elevou os juros novamente na quinta-feira, para um pico de 22 anos de 3,50%, e disse que voltará a subir em julho, dando continuidade ao que tem sido o ritmo mais rápido de aperto monetário na história do banco.

Ministro Alexandre Padilha 20/04/2023 REUTERS/Ueslei Marcelino

Lula cobra ministros por atendimento a parlamentares e Haddad critica BC em reunião

Em uma reunião ministerial de mais de nove horas nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou para cobrar de todos os seus ministros que concluam as nomeações negociadas pela articulação política do governo “o mais breve possível”, informou o chefe da Casa Civil, Rui Costa.

Segundo o ministro da Casa Civil, Lula fez o apelo para que a equipe atue de forma transversal para efetivar os acordos selados pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com o Congresso, e incluiu no pedido que os integrantes da Esplanada também contribuam para a comunicação do governo.

“O presidente reiterou para que todos apoiem, ajudem o ministro Padilha a materializar, cumprir os compromissos que ele assumiu, uma vez que tem uma quantidade de cargos que foram indicados na negociação da composição do governo e os ministérios referentes a essas indicações ainda não colocaram no sistema essas indicações”, disse Costa após a reunião que durou o dia todo

“O presidente fez o pedido para que isso seja feito o mais breve possível.”

O ministro da Casa Civil comparou a fala do presidente à de um “um treinador que quer fazer com que o time jogue entrosado”.

Segundo duas fontes, o assunto foi abordado pelo próprio Padilha na reunião, pedindo também aos colegas que se dedicassem a uma relação melhor com os parlamentares, um dos motivos de insatisfação do Congresso com o governo.

Um dos primeiros a falar, Padilha apresentou um levantamento de 400 cargos que já tiveram nomes negociados, aprovados e enviados aos ministérios — alguns há três meses — e não tiveram as nomeações encaminhadas à Casa Civil para que sejam efetivadas.

Em sua fala, o ministro destacou que a Esplanada dos Ministérios está recheada de “pesos pesados da política”, tem um “Pelé” à frente do governo, mas o governo está sendo visto como avesso ao Congresso, algo contraditório ao que Lula defende, por não estar abrindo espaço aos pedidos dos parlamentares.

A falta de nomeações tem sido uma das principais queixas dos deputados e senadores, e levam a um desgaste do governo com o Parlamento — principalmente de Padilha, que faz essa relação direta e recebe os pedidos. O ministro tem sido extremamente criticado, especialmente pelo presidente da Câmara, Arthur Lira.

Os números já haviam sido levados ao presidente e o próprio Lula havia ordenado que as nomeações fossem liberadas. Em muitos casos, no entanto, há resistência de ministros, que não querem nomes de outros partidos nas suas pastas ou em autarquias que respondem para seus ministérios.

Padilha cobrou ainda que os ministros abram suas agendas para os parlamentares, para recebê-los em seus gabinetes e também para participar de lançamentos e inaugurações, como forma de melhorar a relação.

Juros

Em sua fala, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a taxa de juros praticada pelo Banco Central e afirmou que o órgão tem estado alienado do resto do país, praticando a mesma taxa de juros — 13,75% — há um ano, mesmo com a alteração do cenário econômico.

Outros ministros secundaram a avaliação, com Jader Filho, ministro das Cidades, brincando que se Haddad e Simone Tebet estão vocalizando em público a cobrança ao BC é porque a mobilização contra os juros realmente ganhou o país.

Presidente do BC do Japão, Kazuo Ueda 25/05/2023. REUTERS/Kim Kyung-Hoon

BC do Japão mantém juros ultrabaixos apesar de inflação mais forte

O banco central do Japão manteve a política monetária ultrafrouxa nesta sexta-feira, apesar da inflação mais forte do que o esperado, sinalizando que continuará sendo uma exceção entre os bancos centrais globais e que se concentrará no apoio à recuperação econômica.

O Banco do Japão também deixou intacta sua visão de que a inflação vai desacelerar ainda este ano e a promessa de sustentar “pacientemente” estímulos fortes, sugerindo seu desejo de aguardar até que haja clareza sobre quanto tempo durará a alta dos preços impulsionada pela demanda.

“Esperamos que a tendência da inflação aqueça conforme a atividade econômica se fortalece e o mercado de trabalho aperta. Mas existe uma grande incerteza sobre as negociações salariais do próximo ano e a sustentabilidade do crescimento dos salários”, disse o presidente do banco, Kazuo Ueda.

Mas com a inflação acima da meta de 2% do Banco do Japão há mais de um ano e com analistas duvidando de sua visão de que o recente aumento dos preços por conta dos custos seja transitório, Ueda deixou a porta aberta para uma possível mudança ao descartar alertas sobre os riscos à inflação.

“No momento, a inflação supera 2% há 13 meses seguidos, mas pode ir abaixo desse nível à frente. É por isso que não estamos normalizando a política monetária. Mas se essa visão mudar muito, teremos que mudar”, disse ele.

Como amplamente esperado, o banco central manteve sua meta de taxa de juros de curto prazo de -0,1% e um limite de 0% no rendimento dos títulos de 10 anos, definido sob sua política de controle da curva de rendimento.

A decisão contrasta fortemente com a do Banco Central Europeu, que elevou os custos dos empréstimos para o maior nível em 22 anos na quinta-feira e sinalizou a probabilidade de novos aumentos. Também nesta semana, o Federal Reserve sinalizou na quarta-feira que ainda não encerrou sua luta contra a inflação nos Estados Unidos.

*Com Reuters

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