Economia
3 fatos para hoje: Lula em Xangai; baixa da inflação nos EUA impacta câmbio
E mais: Petrobras conclui venda do Polo Norte Capixaba para Seacrest.
1 – Em Xangai, Lula defende transações sem dólar no comércio global e no banco dos Brics
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira em Xangai que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) mostra que a união dos países emergentes é capaz de gerar mudanças sociais e econômicas relevantes para o mundo e defendeu transações sem dólar no comércio global e na instituição criada pelos Brics.
Lula fez os comentários ao discursar em cerimônia que marcou a posse da ex-presidente Dilma Rousseff no NBD, criado durante a gestão da petista no Planalto para ser um instrumento multilateral de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os Brics.
Lula afirmou que o banco tem grande potencial “na medida em que liberta os países emergentes da submissão às instituições financeiras tradicionais, que pretendem nos governar”.
Lula defendeu que o NBD tenha uma moeda para financiar o intercâmbio comercial entre Brasil e China — o país asiático é o maior parceiro comercial brasileiro –, driblando o uso do dólar.
“Por que um banco como os Brics não pode ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre Brasil e os outros países?”, disse Lula.
A viagem de Lula à China vai até sexta, quando se encontra com o mandatário chinês Xi Jimping em Pequim, e visa azeitar as relações com o maior mercado de exportação para o Brasil e buscar novos investimentos após os anos de governo Jair Bolsonaro, de distanciamento e ataques ao país asiático.
2- Petrobras conclui venda do Polo Norte Capixaba para Seacrest
A Petrobras informou que concluiu a operação de transferência de sua participação no Polo Norte Capixaba para a Seacrest, em desinvestimento que havia sido assinado em março do ano passado.
A operação foi concluída com o pagamento à vista de 426,65 milhões de dólares para a Petrobras, já com os ajustes previstos no contrato, informou a estatal em fato relevante na noite de quarta-feira.
O valor recebido se soma aos 35,85 milhões de dólares pagos à Petrobras no ano passado, na ocasião da assinatura do contrato com a Seacrest, que agora assume como operadora dos quatro campos terrestres do Polo Norte Capixaba e demais infraestruturas de produção.
Além desse montante, é previsto o recebimento pela Petrobras de até 66 milhões de dólares em pagamentos contingentes, a depender das cotações futuras do Brent.
A conclusão dessa venda ocorre após desentendimentos, no mês passado, entre a estatal e o governo sobre a revisão de processos de desinvestimentos pela empresa. O conselho da Petrobras havia decidido que prosseguiria com as operações com contratos já assinados.
No comunicado da véspera, a Petrobras destacou ainda que esse desinvestimento não impacta outras atividades suas no Espírito Santo, onde a empresa mantém operações de importantes campos em águas profundas, com destaque para o Parque das Baleias, além de sete áreas exploratórias.
3 – Baixa da inflação dos EUA tem impacto no mercado de câmbio
A inflação nos Estados Unidos no acumulado de 12 meses desacelerou de 6%, em fevereiro, para 5% em março, segundo dados divulgados na quarta-feira pelo Departamento do Trabalho norte-americano. Na comparação mensal, houve alta de 0,1% em março ante fevereiro. O resultado ficou abaixo da mediana de analistas consultados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) – de alta de 0,2%.
Apenas o chamado núcleo do CPI, que exclui preços mais voláteis como de alimentos e energia, avançou 0,4% na comparação mensal em março, vindo em linha com o consenso do mercado.
Entre os componentes do índice, o da habitação teve a maior contribuição para a inflação no mês, com alta de 0,6%, ante fevereiro, e de 8,2% na comparação com março de 2022. Segundo o Departamento de Trabalho, isso acabou anulando o efeito do declínio no índice de energia (3,5% no mês e 6,4% na comparação anual).
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o resultado registrado no mês passado mostra “progresso continuado na nossa luta contra a inflação”.
Em comunicado, ele ressaltou o fato de que o índice em 12 meses está no melhor patamar desde maio de 2021 no país.
O presidente norte-americano afirmou que continua a luta do governo para reduzir custos às famílias, e ainda rejeitou propostas de republicanos no Congresso para reduzir impostos para as maiores empresas.
Dólar abaixo de R$ 5
O mercado de dólar refletiu o resultado da inflação em março a partir da avaliação de que a desaceleração dos preços pode mudar a trajetória de alta dos juros nos Estados Unidos.
Nesse contexto, o real apresentou o melhor desempenho entre divisas de países emergentes e exportadores de commodities: o dólar fechou o dia em queda de 1,31%, cotado a R$ 4,94 – menor valor de fechamento desde 9 de junho passado.
“O grande fator para a queda do dólar é certamente a mudança da perspectiva para a política monetária americana. A projeção para os FedFunds no fim do ano caiu recentemente de 5,60% para 4,38%. Isso teve grande impacto no valor do dólar frente a divisas emergentes”, afirmou o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira. “O resultado aumentou as apostas de que o Fed (o banco central americano) pode ser menos duro na alta de juros, o que foi positivo para moedas emergentes”, completou a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.
Outro fator que ajudou a reduzir a cotação do dólar foi a alta do preço das commodities, diante de sinais positivos da economia chinesa. Isso abre a perspectiva para maior entrada de recursos no país.
Veja também
- Após G20, Lula e Xi Jinping estreitam laços entre Brasil e China
- Chinesa SpaceSail fecha acordo com governo Lula e se prepara para competir com Starlink, de Elon Musk
- Apesar de rusgas, Brasil avança em plano para importar gás natural da Argentina
- O que Trump e Lula têm em comum: a queda de braço com o Banco Central
- Com fiscal sob pressão, Haddad cancela viagem à Europa a pedido de Lula