Economia
3 fatos para hoje: Lula volta criticar juros; OCDE prevê PIB maior no Brasil
E mais: custo de vida das famílias brasileiras tem alta de 1,83% no trimestre.
1 – Lula volta a criticar juros elevados em meio a sinais de recuo da inflação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta terça-feira a alta taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano, acrescentando que o país voltará a ter crédito barato, em meio a divulgação de uma série de índices que têm dado sinais de arrefecimento da pressão dos preços.
“Não há nenhuma explicação histórica de a gente ter o juro mais alto do mundo”, disse Lula em visita a um polo automotivo em Pernambuco, destacando um índice preliminar de inflação em 12 meses de 4,07%.
“Para que esse juro tão alto? Quem ganha com isso? E quem é que perde?”, questionou.
No mês passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,51% em maio, depois de uma alta de 0,57% em abril –em 12 meses, o índice acumulava alta de 4,07%.
Alguns índices de inflação têm mostrado até queda dos preços.
Divulgado nesta terça-feira, o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getulio Vargas (FGV), apresentou recuo de 2,33% em maio, a queda mais forte do índice desde abril de 1947.
Anteriormente, outro indicador da FGV, o Índice Geral de Preços–Mercado (IGP-M), registrou deflação de 1,84% em maio, após ter recuado 0,95% em abril, na maior queda mensal da série histórica do indicador, iniciada em 1989.
“Esse país vai voltar a ter crédito barato”, acrescentou Lula, reforçando a intenção de ampliar a oferta de crédito por valores mais acessíveis.
“Elite atrasada”
Lula também criticou o que chamou de “elite atrasada”, dizendo que o país “voltou para trás” nos últimos anos.
“A única razão (pela qual) eu voltei a me candidatar a presidente da República foi para provar, outra vez, à elite atrasada brasileira, que um torneiro mecânico é capaz de fazer o que eles não conseguiram fazer em tantos anos nesse país.”
2- Custo de vida tem alta de 1,83% no trimestre
A inflação oficial no país foi de 2,09% no primeiro trimestre de 2023, mas as famílias brasileiras sentiram um aumento efetivo no custo de vida menor no período, de 1,83%, segundo o Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF). O novo índice de inflação desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) considera os gastos efetivos dos consumidores brasileiros, que conseguiram driblar parte dos aumentos de preços na economia por substituições na cesta de consumo.
“Quando o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, por exemplo, os itens substituídos perdem peso no IPGF e seus aumentos passam a contribuir menos para o índice e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação”, explicou Matheus Peçanha, economista responsável pela pesquisa do Ibre/FGV, em nota oficial.
O IPGF usa dados do Consumo das Famílias no Sistema de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mensurados e compilados pelo Monitor do PIB da FGV, para atualizar mensalmente o peso dos itens na cesta de produtos e serviços cujos preços são pesquisados.
3 – OCDE vê retomada limitada do crescimento por altas de juros mas melhora previsão para o Brasil
O crescimento econômico global aumentará apenas moderadamente no próximo ano, à medida que os efeitos totais dos aumentos das taxas de juros forem sentidos, disse a OCDE nesta quarta-feira, a mais recente instituição a alertar para o impacto do aperto monetário.
A economia mundial deve crescer 2,7% este ano, disse a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), acima de sua previsão anterior de 2,6%, feita em março.
Embora impulsionado pelo fim da política de covid-zero na China, essa seria a taxa anual mais baixa desde a crise financeira global de 2008-2009, com exceção do ano de 2020, ano marcado pela pandemia, disse a organização com sede em Paris.
O crescimento vai então acelerar apenas ligeiramente no próximo ano para 2,9% — inalterado em relação à previsão de março — já que os aumentos de juros pelos principais bancos centrais do mundo no ano passado pesam cada vez mais no investimento privado, começando pelos mercados imobiliários.
Na terça-feira, o Banco Mundial também citou o impacto crescente dos aumentos dos juros ao elevar sua previsão de crescimento mundial este ano para 2,1%, mas reduzindo a conta para 2024 a 2,4%, ante uma previsão anterior de 2,7%.
A OCDE estima que a economia dos EUA crescerá 1,6% este ano antes de desacelerar para 1% em 2024, com o efeito defasado dos aumentos de juros atingindo a maior economia do mundo de forma particularmente dura. Anteriormente, a expectativa era de expansão de 1,5% este ano e 0,9% em 2024.
Impulsionada pelo fim das restrições contra a covid, a economia chinesa deve crescer 5,4% em 2023 antes de moderar para 5,1% em 2024. Antes as projeções eram em 5,3% e 4,9%, respectivamente.
À medida que o choque de preços de energia no inverno da Europa desaparece, o crescimento da zona do euro deve acelerar de 0,9% este ano para 1,5% em 2024, já que a inflação mais baixa pesa menos sobre a renda. Em março, a OCDE estimou crescimento de 0,8% em 2023 e 1,4% em 2024.
Para o Brasil, a OCDE melhorou as projeções de expansão econômica a 1,7% em 2023 e 1,2% em 2024, contra expectativa em março de 1,0% e 1,1%, respectivamente.
A OCDE prevê que a inflação no Grupo das 20 principais economias cairá de 7,8% no ano passado para 6,1% este ano e 4,7% em 2024 — ainda bem acima das metas de muitos bancos centrais, apesar dos aumentos das taxas de juros.
“Um risco substancial é que a inflação se mostre mais persistente e, em resposta, as taxas de juros precisem ficar mais altas por mais tempo”, disse a economista-chefe da OCDE, Clare Lombardelli, em coletiva de imprensa.
O chefe da OCDE, Mathias Cormann, concordou dizendo que o risco de os principais bancos centrais fazerem muito pouco ou demais está atualmente “igualmente equilibrado”.
Autoridades do Federal Reserve sinalizaram uma possível pausa nos aumentos da taxa de juros dos EUA, enquanto o Banco Central Europeu indicou que novos aumentos são prováveis nos próximos meses.
Nas perspectivas da OCDE, a taxa básica de juros do Fed deverá atingir um pico de 5,25-5,5%, com cortes “modestos” na segunda metade de 2024.
Na zona euro, a OCDE espera que o BCE continue a aumentar as taxas diante de um núcleo de inflação ainda elevado, com um pico observado no terceiro trimestre. A organização prevê que o BCE deixará sua taxa básica em 4,25% até o final de 2024.
Com Reuters e Estadão
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