Economia
3 fatos para hoje: PEC da Transição travada; CPI do Reino Unido e Haddad
Inflação ao consumidor (CPI) do Reino Unido desacelerou em novembro, depois de renovar máxima em 41 anos no mês anterior.
1 – PEC da Transição trava à espera de julgamento do STF e indicações ao governo
Prevista inicialmente para ocorrer até esta quarta-feira (14), a votação da PEC da Transição na Câmara travou e deve ficar para a próxima semana à espera de uma definição do julgamento do STF sobre o chamado orçamento secreto e em meio a negociações de lideranças partidárias para indicar nomes para compor o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmaram fontes ouvidas pela Reuters.
Aprovada pelo Senado na semana passada, a PEC da Transição prevê a expansão por dois anos do teto de gastos em R$ 145 bilhões para o pagamento do Bolsa Família de R$ 600, entre outros pontos.
Em uma frente, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), articulam a votação de um projeto de resolução que redistribui os recursos das emendas de relator –nome técnico para o chamado orçamento secreto– levando em conta o tamanho das bancadas partidárias.
Essa iniciativa ocorre em meio ao julgamento iniciado na semana passada pelo Supremo que discute a legalidade das emendas de relator, diante de questionamentos sobre a sua transparência e falta de critérios sobre a distribuição da verba. Lideranças buscam uma solução para esse impasse.
Na justificativa, os autores da proposta dizem que seu objetivo é “conferir ainda mais transparência e implementar critérios de impessoalidade para formalização da indicação”.
O relator-geral do Orçamento do próximo ano, senador Marcelo Castro (MDB-PI), disse que a ideia é tentar votar essa proposta até quinta-feira. O julgamento da legalidade das emendas de orçamento deve ser retomado na quarta e se prolongar, pelo menos, até a quinta-feira.
Em outra frente, segundo duas fontes, lideranças de partidos como o União Brasil, PSD e MDB, que ensaiam apoio ao governo eleito, esperam a confirmação de que terão espaço na nova gestão para votarem a PEC da Transição.
O União Brasil estaria de olho na pasta de Minas e Energia ou no do Desenvolvimento Regional, conforme as fontes. Coincidentemente, o próprio relator da PEC na Câmara e líder do União Brasil na Casa, Elmar Nascimento (BA), é um dos citados para virar ministro. Elmar foi designado para relatar a PEC por Lira.
A pasta das Cidades, que deverá ser recriada, tem sido pleiteada para ficar com o MDB da Câmara, afirmou uma das fontes. Lideranças da legenda jantaram nesta segunda para discutir participação no governo eleito, conforme a fonte, e o presidente do partido, deputado Baleia Rossi (SP), esteve nesta terça no governo de transição. O MDB do Senado também quer emplacar um nome no governo e seria o senador eleito Renan Filho (AL), filho do cacique da legenda e ex-presidente do Senado Renan Calheiros.
Apesar dos pleitos por cargos, não há nenhuma garantia de que Lula vai acertar eventuais nomeações antes da votação da PEC.
Uma das fontes afirmou que não haveria motivos para atrasar a votação da PEC, apesar das tratativas para acertos de espaços no governo.
Publicamente, lideranças da Câmara não mencionam essas dificuldades para votação da PEC. Mais cedo, o presidente da Câmara não deu garantias que a proposta será votada nesta semana.
“Nós vamos fazer o esforço (para votar), vai depender da conversa do relator a partir de amanhã (quarta) cedo, vou combinar agora no colégio de líderes com os partidos. Há, sim, a previsão de iniciar quarta ou quinta e de terminar na terça-feira. Nós recebemos a PEC na segunda-feira, então nós estamos agilizando todas as conversas possíveis e com a autonomia dos partidos para que possam, já que a tramitação é mais urgente, ter todas as conversas possíveis com o relator da PEC que entregará o texto a plenário”, disse Lira.
“Temos aí o mínimo de quinta-feira e o máximo de terça-feira da semana que vem para a votação”, disse Elmar Nascimento, mais tarde, em entrevista.
O presidente interino do PP, deputado Claudio Cajado (BA), também admitiu à Reuters a dificuldade de se votar a proposta na quarta-feira, conforme vinha sendo defendido por aliados de Lula desde a semana passada. Segundo ele, o correligionário Lira está conversando com líderes para iniciar a discussão da PEC.
“Daí, os líderes devem reunir as bancadas e ouvir a opinião e tirar a posição de cada partido e quais pontos haverá discordância. Acho difícil amanhã (quarta) mesmo conseguir votar”, reconheceu.
2 – Taxa anual do CPI do Reino Unido desacelera a 10,7%
A inflação ao consumidor (CPI) do Reino Unido desacelerou em novembro, depois de renovar máxima em 41 anos no mês anterior. Dados do ONS, como é conhecido o órgão de estatísticas do país, mostram que a taxa anual do CPI britânico ficou em 10,7% em novembro, perdendo força em relação ao nível de 11,1% de outubro, o mais alto desde outubro de 1981. O resultado do mês passado ficou abaixo da previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 10,9%.
Na comparação mensal, o CPI do Reino Unido subiu 0,4% em novembro, também aquém do consenso do mercado, de alta de 0,6%. O núcleo do CPI britânico, que desconsidera preços de energia e alimentos, avançou 0,3% em novembro ante outubro. Neste caso, a projeção era de +0,5%. Já no confronto anual, o núcleo do CPI teve alta de 6,3% no último mês, ante projeção de 6,5%.
3 – Haddad: problemas criados este ano não são pequenos
O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que o grande desafio do primeiro ano de governo será corrigir os erros que foram cometidos em 2022 “por açodamento e por desespero eleitoral”.
Segundo Haddad, foram cometidos uma série de equívocos na gestão da política econômica, que contrariam o bom senso e recomendações dos próprios técnicos do Ministério da Economia. Entretanto, ele não detalhou que erros foram cometidos.
“Nosso grande desafio será corrigir os erros que foram cometidos esse ano por açodamento e por desespero eleitoral. Foram cometidos uma série de equívocos na gestão da política econômica, contrariando o bom senso e recomendações de técnicos da equipe econômica. Medidas foram tomadas por desespero, no calor do debate eleitoral. Não podemos admitir a volta da fome e a corrosão do poder de compra dos salários”, disse.
Segundo Haddad, o fortalecimento do Estado brasileiro virá por meio da previsibilidade e confiança. Ele ainda declarou que sem educação de qualidade e credito não há economia que prospere.
“Queremos voltar à normalidade. Conduzir a política econômica com essas duas diretrizes. Há mais reformas a serem feitas, além da tributária. Se pegar o crédito, fizemos uma grade reforma em 2003. A agenda dessa década vai aprofundar essa questão. Temos que voltar para microcrédito, garantir a democratização do crédito”, disse.
(*Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo)
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