Economia
5 fatos para hoje: fila de leilões no BNDES, 5G no Brasil e crise no Mercosul
O edital do leilão 5G está no Tribunal de Contas da União (TCU) para análise e deve ser lançado até o fim deste ano.
1- Maior leilão da história trará o 5G ao Brasil
A tecnologia 5G deverá chegar ao Brasil até o fim do ano. “Não se trata de mais um G e sim de um guarda-chuva que envolve e potencializa outras tecnologias”, afirma o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Leonardo Euler de Moraes, em entrevista ao programa “Brasil em Pauta”.
De acordo com Moraes, a tecnologia 5G será a catalisadora de outras tecnologias como inteligência artificial, robótica, inteligência mista e aumentada. Tudo graças à sua baixa latência, que é o tempo que os dados demoram para trafegar. “No caso do 5G, esse tempo é menor do que um piscar de olhos”.
O edital do leilão 5G está no Tribunal de Contas da União (TCU) para análise e deve ser lançado até o fim deste ano. “Vamos liberar a outorga do direito de uso da frequência, que são essas vias por onde os sinais trafegam”, diz o presidente da Anatel.
Segundo ele, esse não será um leilão arrecadatório. Isso porque além da implantação do 5G, as empresas terão compromissos de investimentos como a cobertura de internet em estradas brasileiras e em localidades que ainda não contam com internet nenhuma. “Espera-se que, em 20 anos, sejam de mais de R$ 40 bilhões em investimentos”, diz.
2- BNDES tem na fila mais cinco leilões de saneamento
Cinco novos leilões do setor de saneamento estão na fila do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para serem realizados até o primeiro semestre do ano que vem. No total, são R$ 17 bilhões de investimentos para universalizar e modernizar os serviços de água e esgoto para 10,4 milhões de pessoas.
Cada licitação vai seguir um modelo diferente, dependendo da área. Algumas serão feitas por meio de concessão plena, que inclui produção e distribuição de água e esgoto, outras serão feitas por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP) de esgoto ou a concessão apenas da distribuição – como foi o caso da Cedae, leiloada ontem, na B3, e considerada um sucesso pelos especialistas.
Pelo cronograma do BNDES, três leilões devem ocorrer ainda neste ano, no segundo semestre: Amapá (R$ 3 bilhões de investimentos), Porto Alegre (R$ 2,17 bilhões) e Rio Grande do Sul (R$ 3 bilhões). Alagoas e Ceará ficam para o próximo ano. O Estado de Minas Gerais também iniciou o processo de estudo com o banco de fomento, mas ainda não tem previsão para leilão.
O banco está em negociações ainda para fazer a modelagem dos Estados da Paraíba, Pernambuco e Rondônia. “Não vai faltar investimento no setor”, diz o chefe do Departamento de Desestatização e Estruturação de Projetos do BNDES, Guilherme Albuquerque. Segundo ele, os governadores precisam de bons exemplos, como foi Maceió e Cedae, para aderir às concessões.
3- Governo avalia novo modelo de aluguel social
O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) quer tirar do papel no segundo semestre deste ano um projeto piloto de parceria público-privada de aluguel social, disse ao “Estadão/Broadcast” o secretário de Habitação, Alfredo Santos.
A ideia é desonerar o orçamento das famílias de baixa renda e, ao mesmo tempo, permitir a operação privada do empreendimento, inclusive com manutenções periódicas no imóvel, evitando problemas hoje recorrentes de deterioração em residenciais do Minha Casa Minha Vida.
A iniciativa já foi qualificada no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e entra agora em fase de estruturação do modelo. Uma opção é combinar contrapartidas federais ou locais, como terreno e parte do investimento, na fase de construção das moradias voltadas ao aluguel social com o capital do governo local para financiar a operação realizada pela empresa – que ficaria responsável por administrar o empreendimento pelo período do contrato.
Segundo Santos, a participação do governo federal com recursos para as obras vai depender de fatores como disponibilidade de orçamento e real necessidade dessa contribuição para reduzir o preço final do aluguel social, adequando o valor à capacidade de pagamento das famílias. Na prática, quanto maior for o investimento a cargo da empresa, maior será a sua remuneração, o que poderia onerar os beneficiários, o gestor local ou até inviabilizar o projeto.
O governo, porém, já tem enfrentado limitações no orçamento e, em 2021, teve zerada a verba para construção de casas cujas obras já estavam em andamento. Até o momento, o corte não afeta os estudos da pasta sobre aluguel social.
4- Mercosul passa por crise e futuro é incerto
Era para ser um ano de festa. Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai completaram em março 30 anos da criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul), que juntou os quatro países em uma união aduaneira e de livre-comércio. As “bodas de pérola”, porém, foram celebradas com crise, pressão por mudanças e dúvidas em relação ao futuro do bloco.
“O comércio do Mercosul cresceu 500% de 1991 até 2000, quando houve crise cambial no Brasil e uma enorme crise econômica na Argentina. Temos de reconhecer que, nos últimos 20 anos, porém, o Mercosul esteve em relativa estagnação”, afirma o consultor e ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral.
Para Barral, os momentos em que o grupo teve maior evolução foram quando os governos, principalmente de Brasil e Argentina, gozaram de boa relação – como, por exemplo, entre o governo Michel Temer, no Brasil, e Maurício Macri, na Argentina, o que impulsionou a discussão do acordo entre o bloco e a União Europeia (UE), fechado já no início do governo Jair Bolsonaro. “Estamos com as duas questões negativas agora, na relação entre os governos e no crescimento“, afirma.
Apesar de o ministro da Economia, Paulo Guedes, já ter dito que o Mercosul “não era uma prioridade”, a relação dentro do bloco “azedou” depois de os liberais brasileiros verem Alberto Fernández assumir o governo da segunda maior economia do grupo com uma política econômica oposta. Desde então, houve bate-boca entre o presidente argentino e uruguaio na cúpula de março e trocas de farpas entre Guedes e o ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, na segunda-feira (26). “Não é só uma questão ideológica. A Argentina hoje tem uma crise de dívida externa”, explica Barral.
A estratégia dos brasileiros agora é convencer os vizinhos a aceitarem que cada país adira às mudanças “quando e se” quiserem. “O ministro chegou a mencionar que, se quiserem daqui a quatro anos acompanhar o Brasil, os argentinos são bem-vindos”, disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Roberto Fendt.
5- Gestora Truxt foi a responsável pela alta da Boa Safra na estreia na Bolsa
Em comunicado ao mercado divulgado hoje, a novata Boa Safra Sementes – que estreou na Bolsa de valores brasileira (B3) em 29 de abril – informou que a gestora Truxt Investimentos alcançou participação de 6,75% do total de ações ordinárias (ON) da companhia.
“Os fundos ou carteiras de investimentos geridos pela Truxt adquiriram ações ordinárias de emissão da companhia, passando a deter em conjunto, naquela data (29/04), um total de 7,5 milhões de ações de mesma classe (SOJA3)”, informou o comunicado à CVM.
Isso explica a movimentação expressiva do papel da Boa Safra no dia 29 de abril último, quando o papel valorizou 46,46% na estreia na B3, a maior alta do mercado naquele dia.
O comunicado completa que a Truxt tem “por objetivo investimento e não visa alterar a composição do controle ou a estrutura administrativa da companhia”, informou a Boa Safra.
*Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil