Economia

A bomba-relógio global de US$ 100 trilhões continua em contagem regressiva, alerta FMI

FMI alertou governos mundiais a reduzir a dívida e reconstruir reservas para enfrentar o próximo choque

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A dívida pública dos EUA só cresce/ Ilustração João Brito

Antes mesmo de os principais líderes financeiros mundiais desembarcarem em Washington nos próximos dias, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já fez um alerta para que apertem os cintos.

Duas semanas antes de uma eleição potencialmente histórica nos EUA, e com a recente crise inflacionária global ainda fresca, ministros e banqueiros centrais reunidos na capital americana enfrentam pressões crescentes para organizar suas finanças públicas enquanto ainda podem.

O FMI, cujas reuniões anuais começam nesta segunda-feira, já destacou alguns dos temas que pretende abordar com uma série de projeções e estudos sobre a economia global nos próximos dias.

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O relatório do Monitor Fiscal, que será divulgado na quarta-feira, trará um alerta de que a dívida pública global deve atingir a marca de US$ 100 trilhões este ano, impulsionada principalmente pelos EUA e China. A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, destacou na última quinta-feira o peso desse endividamento no cenário global.

“Nossas previsões apontam para uma combinação implacável de baixo crescimento e alta dívida — um futuro difícil”, disse Georgieva. “Os governos precisam trabalhar para reduzir a dívida e reconstruir suas reservas para enfrentar o próximo choque — que certamente virá, talvez mais cedo do que esperamos.”

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Alguns ministros das finanças podem receber novos lembretes antes de outros. A chanceler do Reino Unido, Rachel Reeves, já foi alertada pelo FMI sobre o risco de uma reação negativa do mercado caso a dívida não se estabilize. Na terça-feira, será divulgado o último dado de finanças públicas antes do orçamento do país, previsto para 30 de outubro.

Especialistas em insolvência afirmam que a autoridade de impostos do Reino Unido está adotando uma abordagem mais rigorosa para recuperar dívidas, buscando arrecadar £5 bilhões (cerca de US$ 6,5 bilhões) em receita extra.

Segundo analistas da Bloomberg Economics: “Apesar de todo o discurso sobre buracos negros, o efeito geral do orçamento de Reeves será uma política mais frouxa, não mais rígida, em relação aos planos do governo anterior.”

Enquanto isso, a Moody’s deve emitir um relatório sobre a França na sexta-feira, país que tem atraído a atenção dos investidores. Como a avaliação da Moody’s é uma iniciativa que antecede a das concorrentes, o mercado estará atento a qualquer mudança na perspectiva.

Para os maiores devedores, como China e Estados Unidos, o FMI já fez um alerta sério: as finanças públicas dessas nações afetam a todos. “Os altos níveis de dívida e a incerteza em torno da política fiscal em países sistêmicos, como China e EUA, podem gerar grandes repercussões na forma de aumento dos custos de empréstimos e riscos relacionados à dívida em outras economias”, afirmou o Fundo.

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Na próxima semana, também são esperadas decisões importantes de bancos centrais, com um possível corte na taxa de juros no Canadá e um aumento na Rússia, de acordo com previsões de economistas.

Nos EUA e Canadá, espera-se que relatórios sobre o mercado imobiliário mostrem uma estabilização, graças à queda nas taxas de hipoteca. Outros dados econômicos, como as encomendas de bens duráveis e o relatório Livro Bege do Federal Reserve, também devem ser divulgados.

Na Europa, o foco estará em Washington, com várias aparições de membros do Conselho do Banco Central Europeu, incluindo a presidente Christine Lagarde, que será entrevistada em Washington na terça-feira.

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