Economia
Abaixo das projeções: IPCA sobe 0,26% em setembro e 5,19% em 12 meses
A mediana das projeções de analistas era de alta entre 0,33% e 0,34% em setembro.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26% em setembro, após alta de 0,23% no mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (11). O grupo alimentação influenciou no resultado do indicador.
No acumulado de 12 meses até setembro, o indicador que mede a inflação oficial no país teve alta de 5,19%, contra alta 4,61% do mês anterior.
A mediana das projeções de analistas era de alta entre 0,33% e 0,34% em setembro, de acordo com a Reuters e do economista Andre Perfeito.
“O resultado é muito bom e reitera uma visão mais benigna da política monetária que deve continuar com cortes de 50 pontos base na taxa básica, levando a Selic para 11,75% no final do ano”.
André perfeito, economista
Ainda de acordo com Perfeito, o mercado deve manter as projeções da taxa básica de juros em 9% ao final do ciclo, o que tende a impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024. Ainda assim, o economista projeta o PIB a 2% para 2024, apesar de o resultado divulgado nesta quarta-feira (11) pelo IBGE apontar maiores chances para 3% de crescimento.
“O Brasil pode entrar num momento de euforia na conjunção de inflação sob controle, juros em queda, atividade ganhando força (massa salarial em alta) e o fato de ser uma economia “longe” dos problemas geopolíticos atuais. Esta é uma situação inédita no sentido de certo deslocamento da dinâmica global, mas é uma hipótese que devemos considerar”, apontou o economista.
O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, aponta que o IPCA divulgado corrobora a tese de que a inflação continua numa trajetória baixista. “Os últimos dados vêm mostrando que a inflação brasileira segue mais controlada comparado aos últimos meses. Além disso, o boletim Focus continua mostrando estabilidade das expectativas de inflação, principalmente, para períodos mais longos”.
Impacto na curva de juros curtos
A taxa de juros curtos rondam a estabilidade nesta manhã, mas com viés de baixa após o IPCA ficar abaixo da mediana das estimativas em setembro. Às 9h14, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 marcava 10,735%, de 10,745%, e o para janeiro de 2027 recuava para 10,715%, de 10,779% no ajuste anterior. O vencimento para janeiro de 2029 caía para 11,200%, de 11,267%.
Maiores quedas do mês
O grupo alimentação e bebidas registraram quedas nos preços caíram pelo quarto mês consecutivo (-0,71% e -0,15 p.p.). Os demais grupos ficaram entre -0,58% de artigos de residência e o 0,45% de despesas pessoais.
Ainda segundo o IBGE, a queda do grupoaAlimentação e bebidas é justificada pelo recuo nos preços da alimentação em domicílio (-1,02%).
Já a alimentação fora do domicílio (0,12%) desacelerou ante o mês anterior (0,22%). As altas da refeição (0,13%) e do lanche (0,09%) foram menos intensas do que as observadas em agosto (de 0,18% e 0,30%, respectivamente).
Maiores altas em setembro
Os preços de seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em setembro. O maior impacto positivo (0,29 pontos percentuais) e a maior variação (1,40%) vieram de transportes, seguido por habitação (0,47% e 0,07 p.p.).
Metodologia
Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados de 30 de agosto a 28 de setembro de 2023 (referência) com os preços vigentes entre 29 de julho e 29 de agosto de 2023 (base). O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
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