Economia
Apesar de crescimento além do esperado, previsões para o PIB do país divergem
De um lado, há quem defenda redução da pujança da atividade. De outro, otimismo com surpresas positivas de resultados.
Embora dados recentes da economia do Brasil, como o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) e o Produto Interno Bruto (PIB), tenham superado as expectativas do mercado, perspectivas para o crescimento econômico do país são divergentes.
Nesta terça-feira (19), o Banco Central divulgou que o IBC-Br, que é um sinalizador do PIB, subiu 0,44% em julho na comparação com o mês anterior.
No início do mês, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) informou que o PIB do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores.
Apesar dos resultados acima do estimado pelo mercado financeiro, pesquisa da Quaest, contratada pela Genial Investimentos, divulgada nesta terça-feira, mostrou uma piora na expectativa sobre a economia: 36% disseram esperar que a economia melhore nos próximos 12 meses, ante 53% na sondagem de julho. Já a porcentagem daqueles que preveem que a economia piore foi a 34%, em comparação com 21% antes. Os que acreditam que a economia vai ficar do mesmo jeito foram a 30%, ante 26%.
Por outro lado, em seu Relatório Interino de Perspectiva Econômica trimestral, também divulgado nesta terça-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou para cima sua expectativa para o crescimento do PIB do Brasil neste ano, de 1,7% esperado em junho a 3,2% agora. Para 2024, a OCDE reviu a previsão de alta de 1,2% a 1,7%.
Sinais de alerta
Repercutindo a divulgação do IBC-Br de julho, o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, avaliou que o índice veio com uma revisão baixista significativa nos dois últimos meses, reduzindo a percepção de pujança da atividade recentemente.
Rafael Perez, economista da Suno Research, apontou que, embora o IBC-Br de julho tenha revelado uma economia brasileira bem mais resiliente desde o início do ano, enxerga um quadro de maior estabilidade da atividade até o final do ano, justificado por:
- Indústria com problemas para se recuperar;
- Cenário global ainda bastante desafiador;
- Alto endividamento das famílias;
- Efeitos cumulativos da política monetária restritiva.
Já em relação ao PIB do Brasil do segundo trimestre, Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, destacou que é preciso prestar atenção para a desaceleração que houve na margem.
“Por mais que tenha superado as expectativas em termos de crescimento, não podemos abandonar a hipótese de uma contínua desaceleração ao longo dos próximos trimestres, que pode, consequentemente, afetar a arrecadação e, depois, a percepção fiscal”.
Gabriel Mota, da Manchester Investimentos.
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Perspectivas positivas
Depois da divulgação de dados do PIB do segundo trimestre melhor que o esperado, bancos revisaram para cima suas projeções para o crescimento do país.
No último dia 15, o Santander melhorou sua projeção para a expansão do crescimento econômico do Brasil neste ano. O banco projeta agora avanço da economia brasileira de 2,5% neste ano, ante alta de 1,9% da estimativa anterior.
O Itaú também melhorou seus prognósticos para o crescimento econômico do Brasil neste ano e no próximo. Agora, o banco espera que a economia do Brasil avance 2,9% em 2023, contra projeção anterior de 2,5%, e 1,8% em 2024, ante avanço de 1,5% estimado antes.
“O consumo das famílias deve continuar impulsionando o crescimento da economia, em meio à resiliência do mercado de trabalho”.
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú.
Já a OCDE justifica suas revisões positivas para o PIB do Brasil por notar que, até agora, “o país tem exibido surpresas positivas em suas projeções de crescimento neste ano, “com a ajuda de resultados agrícolas favoráveis relacionados ao clima”.
A OCDE também lembra que o Banco Central do Brasil já começou a reduzir as taxas de juros.
Na mesma linha de otimismo com o crescimento econômico do Brasil, o mais recente Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (18) pelo Banco Central, mostra que melhora nas expectativas do mercado para o crescimento econômico do país neste e no próximo ano.
A estimativa de crescimento este ano avançou pela quarta vez seguida, indo a 2,89%, de 2,64% anteriormente. Para 2024, os analistas estimam agora uma expansão de 1,50% do PIB, contra 1,47% antes, na segunda semana seguida de alta.
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