Economia
Apesar de queda em maio, perspectivas são de otimismo para o varejo
Avaliação é de economistas, após queda de 1% tanto nas vendas varejistas em maio ante abril quanto em relação ao mesmo mês de 2022.
Embora as vendas no varejo brasileiro em maio tenham recuado tanto na comparação sobre o mês imediatamente anterior quanto em relação ao mesmo período de 2022, as perspectivas são de otimismo para os próximos meses. É o que apontam economistas consultados pelo InvestNews.
O volume de vendas no varejo teve queda de 1% em maio na comparação com abril e perdeu também 1% em relação ao mesmo período de 2022, informou nesta sexta-feira (14) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado marcou o pior mês de maio para o setor varejista desde 2018, quando houve recuo de 1,8%, enquanto a queda ante abril representou a taxa mais baixa do volume de vendas desde dezembro de 2022, quando houve queda de 2,7%.
Pesquisa da Reuters apontava expectativas de estabilidade na comparação mensal e de alta de 1,95% sobre um ano antes.
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Repercussão
Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, explica que o movimento aconteceu em maio pela taxa de juros mais alta no Brasil e o grau de endividamento das pessoas físicas.
Na mesma linha, o economista Bruno Cotrim também defende que a fraqueza das vendas no varejo é reflexo da questão da oferta de crédito para a pessoa física, em meio ao cenário de taxas de juros mais altas.
“Como o país trabalha com uma política monetária mais restritiva, o consumo das famílias vem sendo por busca de bens essenciais e não por consumo de bens com alto valor agregado”, explica Cotrim.
Rodrigo Simões, economista e professor da FAC-SP, explica que, com uma taxa de juros alta para poder conter a inflação, as taxas secundárias, como de cartões de créditos, financiamento e renegociação de dívidas, ficaram altas, fazendo com que as dívidas de famílias ficassem cada vez mais difíceis de ser quitadas. Assim, segundo Simões, as famílias ficam inadimplentes ou passam a consumir menos.
Perspectivas
Para Costa, com a queda da taxa de juros, refinanciamento das pessoas por parte do governo e um incentivo na parte de linha branca, os números das vendas no varejo podem melhorar.
Com a mesma perspectiva, Cotrim avalia que, tendo o início do corte da taxa de juros no mês de agosto no Brasil, os dados de vendas no varejo podem apresentar uma melhora próxima ao final do ano, que deve incentivar o consumo de bens com um valor agregado mais alto.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, destaca que os dados de maio não captaram o estímulo ao setor automotivo, que deve vir nas aferições dos meses seguintes, podendo contar no segundo semestre também com efeitos do programa de renegociação de dívidas anunciado recentemente pelo governo.
Assim, Nishimura estima crescimento das vendas no varejo geral em torno de 2,5% neste ano.
Já Claudio Felisoni, presidente do Ibevar e professor da FIA Business School, destaca que o setor de varejo está extremamente alavancado, o que dificulta margens menores para uma venda ainda maior. Assim, segundo Felisoni, dificilmente haverá números menores se não houver impulso por parte do governo ou uma queda na taxa de juros.
Para o presidente do Ibevar, no entanto, o longo período de estabilidade do consumo, a queda da inflação, a esperada redução da taxa básica, com seus reflexos ainda que demorados na ponta, e o impulsionamento do emprego justificam uma visão mais otimista para o consumo nos próximos meses.
Resultado de maio
Em maio, o setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo apresentou uma queda de 3,2%, depois de uma alta de 3,6% em abril, sendo o maior impacto no resultado negativo do mês.
Para Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, este recuo pode ser mais pontual, já que o agronegócio tem apresentado bons resultados, com boa safra e preços recuando há algum tempo, podendo levar a um aumento do consumo neste setor.
Também houve recuo em outras três atividades: tecidos, vestuário e calçados (-3,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,3%) e móveis e eletrodomésticos (-0,7%).
Já o setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, por outro lado, avançou 2,3% em maio.
No comércio varejista ampliado, por sua vez, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas apresentou queda de 1,1% em maio frente a abril.
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