Economia

Após boom-olímpico, França sofre ressaca com alta da incerteza econômica

Mesmo com crescimento econômico no 3º trimestre, pesquisa mostra dúvidas com riscos geopolíticos

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A bandeira olímpica hasteada na Place du Trocadero em frente à Torre Eiffel durante a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, em julho. Foto: François-Xavier Marit-Pool/Getty Images

As olimpíadas de Paris 2024 acabaram há menos de dois meses, mas o forte crescimento da França no terceiro trimestre, impulsionado pelos jogos olímpicos, não foi suficiente para segurar o aumento da incerteza entre empresários. Segundo pesquisa do banco central francês feita com 8.500 líderes empresariais, as dúvidas aumentaram em setembro.

A preocupação é puxada pela política doméstica e riscos geopolíticos, e está em alta nos setores de manufatura, serviços e construção.

No âmbito doméstico, a política fiscal do novo governo, que debate cortes amplos de gastos e aumentos de impostos, está no cerne do recente pessimismo.

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Crescimento olímpico

O humor atual contrasta com o sólido crescimento econômico no terceiro trimestre. As olimpíadas de Paris ajudaram a França a registra aumento de 0,25 ponto percentual no trimestre. Como resultado, o banco central aumentou ligeiramente sua estimativa de crescimento subjacente para 0,2% — antes, a projeção estava entre uma faixa de 0,1% a 0,2%.

Os resultados da pesquisa destacam o risco de as dificuldades políticas da França terem um impacto material na economia. Pesquisas separadas do setor privado mostraram que uma queda acentuada nas atividades de serviços e manufatura já começou em setembro.

Governo sem maioria

O novo governo nomeado no mês passado, após meses de negociações, não tem maioria no parlamento e está atrasado na apresentação de um orçamento para o próximo ano.

Os meses de tumulto político, que culminaram na indicação do novo primeiro-ministro Michel Barnier, ainda estão longe de acabar. Nesta terça-feira (8), o governo sobreviveu a uma moção de não-confiança convocado por parlamentares da oposição. Eles alegam que a linha política do novo governo não reflete os resultados da eleição mais recente. Mas a moção só recebeu 197 votos, e necessitada de 289 para derrubar o primeiro-ministro.

Promessas de medidas ‘difíceis’

O primeiro-ministro Michel Barnier disse que medidas difíceis são necessárias à medida que o crescente ônus da dívida da França está empurrando o país em direção a um precipício. Os ministros prometeram cerca de € 60 bilhões (R$ 364 bilhões) em economias no orçamento do próximo ano, com cerca de um terço vindo de aumentos de impostos sobre empresas e ricos.

As empresas francesas reconheceram que uma contribuição única para reparar as finanças públicas pode ser necessária, mas advertiram que o estado deve priorizar o corte de despesas.

“Há uma incerteza bastante forte sobre o quarto trimestre. Além disso, tenha em mente que o impulso único de crescimento de cerca de um quarto de ponto percentual desaparecerá.”

Olivier Garnier, economista-chefe do Banco da França

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Michel Barnier, novo primeiro-ministro da França. Foto: Nathan Laine/Bloomberg

Ainda assim, o banco central disse que havia boas notícias sobre as pressões inflacionárias, já que a parcela de empresas de serviços e industriais aumentando preços está perto dos níveis pré-Covid.

“Há um retorno à normalidade em termos de fixação de preços, não apenas na indústria e construção, mas também nos serviços”, disse Garnier.

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