Economia
Após boom-olímpico, França sofre ressaca com alta da incerteza econômica
Mesmo com crescimento econômico no 3º trimestre, pesquisa mostra dúvidas com riscos geopolíticos
As olimpíadas de Paris 2024 acabaram há menos de dois meses, mas o forte crescimento da França no terceiro trimestre, impulsionado pelos jogos olímpicos, não foi suficiente para segurar o aumento da incerteza entre empresários. Segundo pesquisa do banco central francês feita com 8.500 líderes empresariais, as dúvidas aumentaram em setembro.
A preocupação é puxada pela política doméstica e riscos geopolíticos, e está em alta nos setores de manufatura, serviços e construção.
No âmbito doméstico, a política fiscal do novo governo, que debate cortes amplos de gastos e aumentos de impostos, está no cerne do recente pessimismo.
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Crescimento olímpico
O humor atual contrasta com o sólido crescimento econômico no terceiro trimestre. As olimpíadas de Paris ajudaram a França a registra aumento de 0,25 ponto percentual no trimestre. Como resultado, o banco central aumentou ligeiramente sua estimativa de crescimento subjacente para 0,2% — antes, a projeção estava entre uma faixa de 0,1% a 0,2%.
Os resultados da pesquisa destacam o risco de as dificuldades políticas da França terem um impacto material na economia. Pesquisas separadas do setor privado mostraram que uma queda acentuada nas atividades de serviços e manufatura já começou em setembro.
Governo sem maioria
O novo governo nomeado no mês passado, após meses de negociações, não tem maioria no parlamento e está atrasado na apresentação de um orçamento para o próximo ano.
Os meses de tumulto político, que culminaram na indicação do novo primeiro-ministro Michel Barnier, ainda estão longe de acabar. Nesta terça-feira (8), o governo sobreviveu a uma moção de não-confiança convocado por parlamentares da oposição. Eles alegam que a linha política do novo governo não reflete os resultados da eleição mais recente. Mas a moção só recebeu 197 votos, e necessitada de 289 para derrubar o primeiro-ministro.
Promessas de medidas ‘difíceis’
O primeiro-ministro Michel Barnier disse que medidas difíceis são necessárias à medida que o crescente ônus da dívida da França está empurrando o país em direção a um precipício. Os ministros prometeram cerca de € 60 bilhões (R$ 364 bilhões) em economias no orçamento do próximo ano, com cerca de um terço vindo de aumentos de impostos sobre empresas e ricos.
As empresas francesas reconheceram que uma contribuição única para reparar as finanças públicas pode ser necessária, mas advertiram que o estado deve priorizar o corte de despesas.
“Há uma incerteza bastante forte sobre o quarto trimestre. Além disso, tenha em mente que o impulso único de crescimento de cerca de um quarto de ponto percentual desaparecerá.”
Olivier Garnier, economista-chefe do Banco da França
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Ainda assim, o banco central disse que havia boas notícias sobre as pressões inflacionárias, já que a parcela de empresas de serviços e industriais aumentando preços está perto dos níveis pré-Covid.
“Há um retorno à normalidade em termos de fixação de preços, não apenas na indústria e construção, mas também nos serviços”, disse Garnier.
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