Economia
Após dois meses de deflação, IPCA-15 sobe 0,16% em outubro
Com o resultado, o índice acumula alta de 4,80% no ano e de 6,85% nos últimos 12 meses.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,16% em outubro, sobre queda de 0,37% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (25).
Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,05% para o período.
Com o resultado, o índice acumula alta de 4,80% no ano e de 6,85% nos últimos 12 meses.
Impactos no IPCA-15
Somente os grupos de transportes (-0,64%), comunicação (-0,42%) e artigos de residência (-0,35%) recuaram em outubro. Como ocorreu no mês anterior, a queda em transportes está ligada à retração nos preços dos quatro combustíveis pesquisados: etanol (-9,47%), gasolina (-5,92%), óleo diesel (-3,52%) e gás veicular (-1,33%). O maior impacto negativo entre os subitens do IPCA-15 veio da gasolina (0,29 ponto percentual).
Entre as altas, o maior impacto veio do grupo de saúde e cuidados pessoais (0,10 pontos percentuais), cujos preços subiram 0,80% em outubro, influenciados sobretudo pelo aumento nos preços dos planos de saúde (1,44%).
Essa aceleração foi influenciada por reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nos planos de saúde contratados antes da Lei nº 9.656/98 e com vigência retroativa desde julho. O aumento nos preços de itens de higiene pessoal (1,10%) também influenciou a alta no grupo.
Outro resultado que ajuda a explicar a volta do índice geral para o campo positivo é a alta de alimentação e bebidas (0,21%), grupo que havia recuado em setembro. A alimentação no domicílio (0,14%) teve impacto sobre esse crescimento, também influenciada pelo aumento nos preços das frutas (4,61%), da batata-inglesa (20,11%), do tomate (6,25%) e da cebola (5,86%). Já o leite longa vida (-9,91%), o óleo de soja (-3,71%) e as carnes (0,56%) tiveram redução nos preços.
Repercussão
Carlos Macedo, economista e especialista em alocação de investimentos da Warren, destacou que a surpresa no resultado foi puxada, sobretudo, por itens voláteis, como alimentação e passagem aérea e que os núcleos e serviços subjacentes vieram abaixo do consenso, o que, segundo Macedo, é uma boa notícia para o Banco Central.
“Em resumo, o número cheio foi pior do que o qualitativo e não deve modificar o cenário base de manutenção da taxa de juros para a reunião do Banco Central amanhã”, aponta Macedo.
O Itaú BBA analisou em relatório que, apesar da surpresa altista, concentrada em itens que repetem a variação no IPCA fechado de outubro, o dado mostrou composição benigna de núcleos e é consistente com a leitura de desinflação gradual ao longo dos próximos meses.
“Nossa projeção para o IPCA no final de 2022 está em 5,5%, com viés ligeiramente positivo, na linha de que revisões baixistas para esse ano devem cessar no curto prazo”, estima o Itaú BBA.
(*Com informações da Agência IBGE.)
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