Economia

Após fracasso da Black Friday, Natal pode ser melhor data do ano para o varejo

CNC estima maior crescimento dos últimos quatro anos em vendas, com aumento de 5,6% frente ao ano anterior.

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Em meio ao hábito do brasileiro de deixar tudo para a última hora, o setor varejista espera um aumento nas vendas de Natal este ano – que, caso se confirme, deve colocar a data como a melhor do ano para o comércio varejista. Ainda mais após a decepção com as compras durante a Black Friday, o que alimenta previsões do setor de que os consumidores devem mesmo manter o hábito de procrastinar e deixar para gastar na última data comemorativa do ano.

Aliás, já faz algum tempo que a Black Friday vem frustrando as expectativas de vendas, conforme a série histórica dos dados do varejo compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2021, a data não foi tão boa e em 2022 houve um desempenho ruim do comércio varejista, com queda mensal de 0,6%.

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Os dados oficiais do IBGE sobre as vendas no varejo no mês passado serão conhecidos apenas em meados de janeiro. Porém, em média, o comércio tem aumento de 25% na passagem de novembro para dezembro, sendo que em alguns segmentos, o aumento chega a 80%, como é o caso de roupas e acessórios.

Otimismo de lojistas

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas de Natal devem movimentar R$ 68,97 bilhões no varejo brasileiro neste ano. O montante representa um aumento de 5,6% em relação a 2022. Se confirmado, deve ser o maior crescimento em quatro anos, o que sugere uma recuperação significativa do setor.

Ainda assim, a CNC destaca, em material de divulgação, que o volume esperado de vendas ainda deve ficar abaixo dos níveis pré-pandemia, quando o faturamento superou R$ 70 bilhões. Já a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) prevê que o Natal de 2023 deve injetar R$ 66,6 bilhões na economia.

“Esta é a data com maior desempenho comercial no setor varejista brasileiro”, lembra o especialista em marketing e negócios, Frederico Burlamaqui, no material de divulgação. Para ele, o consumidor está mais disposto a gastar, com 73% dos entrevistados na pesquisa realizada pelo CNDL e SPC indicando pretensão de presentear.

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Na mesma linha, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que as condições estão mais favoráveis para consumo. “Observa-se um cenário propício ao aumento das vendas neste fim de ano, com a redução da taxa básica de juros impulsionando os gastos dos consumidores”, afirma, no material de divulgação.

Ceia de última hora

Entre os setores que devem ser destaque nas vendas neste ano, está o ramo de hiper e supermercados. A estimativa da CNC é de que a movimentação financeira desse segmento represente 38,6% do total previsto, equivalente a pouco mais de R$ 25 bilhões. 

Estudo da Associação Paulista de Supermercados (APAS) com 65 produtos que compõem a cesta de Natal, e com base no Índice de Preços dos Supermercados (IPS), concluiu que a alta da cesta deverá ser de 1,2% este ano, o menor aumento desde 2017, quando registrou deflação de 4,2%.

Atento a isso, as importações de produtos natalinos atingiram US$ 476 milhões entre setembro e novembro, no maior volume em nove anos. O destaque é o aumento de 15% nas importações de pescados e carnes típicas e de 43% em oleaginosas, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Aliás, levantamento nacional realizado pela VR comprovou o hábito tradicional do brasileiro de deixar tudo para última hora – inclusive os alimentos para a ceia de Natal. Segundo a pesquisa, apenas 26% dos entrevistados já estão com tudo pronto para preparar o cardápio.

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O que mais preocupa é o custo. Isso porque o gasto médio com produtos para a tradicional refeição deve ser de até R$ 150. Por isso, mais da metade das famílias consultadas combinou de cada um levar um prato como forma de dividir as despesas com alimentos e bebidas.

Presente ou lembrancinha?

Afinal, é preciso reservar uma parte para comprar os presentes. Tanto que a estimativa da CNC é de que a segunda maior movimentação financeira neste Natal deve vir dos estabelecimentos especializados em itens de vestuário, calçados e acessórios, que devem responder por 33,9% das vendas totais, girando R$ 22,03 bilhões. 

Em seguida, aparecem as lojas de artigos de uso pessoal e doméstico, que ocupam a terceira posição, representando 12,6% ou R$ 8,19 bilhões. Além disso, a CNC destaca que presentes mais caros, como televisões e computadores, estão 9,4% mais baratos, assim como o preço dos celulares, que caiu 5,9%. 

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Por outro lado, os itens mais caros são calçados infantis (10,1%), livros (9,9%) e perfumes (8,5%). Seja como for, pesquisa da CNDL/SPC mostra também que 82% dos consumidores pretendem realizar compras em lojas físicas, principalmente nas de departamento (42%) e em shopping center (40%). 

Por isso, muitos shoppings estão ampliando o horário de funcionamento neste mês, dando mais tempo aos consumidores para fazerem suas compras de Natal. No West Plaza, localizado na zona Oeste da cidade de São Paulo, as lojas funcionam até as 23h desde a última sexta-feira (15). Na véspera de Natal, o horário de funcionamento começa mais cedo, às 9h, mas também encerra antes, às 18h.  

“A decoração de Natal nos shoppings centers traz um charme a mais. Porém, a funcionalidade da loja deve ser o foco principal”, lembra Burlamaqui. Ainda assim, cerca de 50% dos brasileiros entrevistados pela CNDL/SPC pretendem fazer alguma compra também pela internet.

Vai pagar como?

Apesar da diversidade das formas de pagamento, o cartão de crédito deve continuar como o meio preferido entre os consumidores. É o que revela pesquisa realizada pela Abecs, associação que representa o setor dos meios eletrônicos de pagamento. Segundo o levantamento, 38% apontou a intenção de uso do “plástico magnético”.

Tal preferência tem um motivo. Afinal, 74% afirmam a intenção de parcelar a compra. Na sequência, está a preferência pelo dinheiro em espécie (35%), seguido pelo Pix (29%) e cartão de débito (23%), o que mostra a intenção de pagamento à vista. 

Ainda assim, o estudo da Abecs, realizado em parceria com o Instituto Datafolha, revela que 36% da população têm a intenção de gastar neste ano mais do que no ano passado. Outros 27% planejam gastar a mesma quantia e 32% desejam gastar menos.

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