Economia

Após roubo, Montblanc procura dono de itens que, juntos, valem R$ 5 mil

Mulher teve mochila com notebook de R$ 4 mil trocada por outra com itens de maior valor.

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“Sim, seu ladrão, você é bastante tolo. Você me levou um notebook de R$ 4.000 e me deixou com R$ 5.067.” O “recado” foi publicado pela publicitária Sheila Ribas em uma rede social após ela ter sido vítima de furto em um hotel em São Paulo. O criminoso trocou sua mochila, com um computador dentro, por outra, com duas canetas. Os itens, no entanto, são da marcas de luxo incluindo a Montblanc e valem, juntos, mais de R$ 5 mil. 

Ribas estava a trabalho na cidade, e o computador que foi roubado era de sua empresa. Ela recebeu o suporte necessário e não teve itens pessoais de valor levados. Mesmo assim, a situação a chateou. “Isso me deixou abalada. Afinal, estou viajando a trabalho e a semana está intensa e esse fato é mais uma barreira”, disse. 

Foto de itens roubados, incluindo caneta da marca Montblanc (Foto: Reprodução)

Em seu relato, ela contou que teve a curiosidade de pesquisar as marcas da mochila e das canetas na internet, quando descobriu que se tratavam de itens de alto valor. A publicitária, então, decidiu procurar a Montblanc para tentar encontrar o dono das canetas. Ao InvesNews, ela contou que está em contato com duas pessoas da empresa – uma no Brasil e outra na Alemanha. 

“Passei o código da caneta. Mas tem um fator complicador que é não ser de uma edição exclusiva ou limitada. Se fosse, era mais fácil rastrear. E também qual a forma de abordar a pessoa, de acordo com a lei de proteção de dados. É um dado de propriedade deles”, diz Ribas. 

Juliana Pereira, diretora de marketing e comunicação da Montblanc Brasil, disse ao InvestNews que “trata-se de esferográfica Montblanc Star Walker, com número de série gravado. Apesar disso, no entanto, não é um instrumento de escrita de edição limitada.”

“Não temos ainda, no Brasil, tecnologia para fazer o registro e rastreamento de edições sem limitação. A boa notícia é que deveremos ter essa possibilidade ainda nesse semestre”, afirmou ela.

A foto da caneta e o número de série foram encaminhados para a área comercial da empresa “pesquisar as possibilidades”, segundo Pereira.

“Não será um trabalho fácil e talvez não consigamos localizar o comprador. Mas é o podemos fazer, com as ferramentas que temos disponíveis atualmente para itens sem limitação.”

Juliana Pereira, diretora de marketing e comunicação da Montblanc Brasil

De qualquer forma, mesmo se o dono não for encontrado, a diretora disse que a Montblanc admira a iniciativa de Ribas. “A empatia demonstrada em relação a quem também teve os bens furtados foi notável. É bom saber que existem valores humanos presentes nesses dias tumultuados.”

Repercussão

Enquanto aguarda retorno da Montblanc, Ribas também mantém as esperanças de que a publicação que ela fez no LinkedIn chegue ao dono dos objetos furtados. A repercussão bem acima do esperado de suas postagens ajuda a alimentar essa expectativa. 

“Estou assustada, nunca tive nada que viralizou. Está saindo da esfera das pessoas que eu conheço e indo para um nível maior. O nível de compartilhamento, estou bastante impressionada. Eu quero que chegue na pessoa”, diz ela, que trabalha com mídia digital.

Caso o dono não seja encontrado, a intenção é fazer uma doação ou encontrar outra alternativa, mas não ficar com os objetos. “Quero devolver algo que não é meu. É uma coisa tão básica.”

Relato

Veja abaixo o relato de Sheila Ribas feito no Linkedin: 

“*[CARTA ABERTA AO LADRÃO DA MINHA MOCHILA]*

Você deve estar achando que tirou a sorte grande quando aproveitou um momento de descuido na hora do café da manhã, de um hotel bastante cheio, para pegar a mochila da minha empresa com notebook e deixar uma outra mochila VAZIA com apenas um pacote de lenço umedecido, duas máscara e duas canetas (que provavelmente foi roubada de outra pessoa, retirado apenas o que você deve enxergar valor).

Foi um dia longo de trabalho e custei a acreditar que fui roubada, até o time de segurança do hotel confirmar que de fato, você fez a troca da mochila de forma proposital, chegou a passar do meu lado com a minha mochila nas costas.

Sim, isso me deixou abalada. Afinal, estou viajando a trabalho e a semana está intensa e esse fato é mais uma barreira.

A mochila vazia que você me deixou é bonita, de couro e fique pensando na outra pessoa que provavelmente tbm estava sentindo a mesma coisa.

Olhando vagamente e com tristeza para a mochila, vi que tinha marca estampada e automaticamente fiz uma busca no Google. Na busca vi que a bolsa custava R$ 1.350, fiquei chocada! Rapidamente me acionou o gatilho, se a mochila é esse valor, vou ver as canetas.

Com ajuda de colegas, vimos que uma das canetas era da marca Parker e custava R$ 700 e a outra não conseguia identificar a marca (meu repertório é péssimo para marcas de luxo).

Um colega com um gosto mais refinado que o meu, identificou automaticamente que se tratava de uma Montblanc (R$ 3.017)

Sim, seu ladrão você é bastante tolo. Vc me levou um notebook de R$ 4.000 e me deixou com R$ 5.067

Refletindo sobre o que aconteceu comigo, hoje trabalho em uma empresa e sei que perfumes lembram memórias afetivas e pessoas amadas. Objetos também fazem isso. Conversando com outras pessoas, todas elas mencionaram que uma Montblanc representa na maioria das vezes uma grande conquista (uma promoção ou formatura) ou um presente de algum ente querido.

Por isso, SIM, eu quero encontrar o dono (a) da Montblanc. A caneta tem um número de série e acredito que possa conseguir chegar na pessoa.

@montblanc me ajuda com isso? Vamos quebrar essa corrente de “bad vibe”?

Tenho a esperança que vamos conseguir achar essa pessoa e como trabalho com mídia digital sei que algoritmo vai dar um mãozinha.

PS: Vc ladrão, acho que se deu mal. Mas me ensinou uma lição, eu posso reverter essa corrente de tristeza e converter em uma coisa boa e bela.

Isso ocorreu no dia 21/03 (entre 07h e 08h da manhã) em SP – Bairro Vila Olímpia”

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