Economia

Argentina corta juro pela terceira vez em três semanas, para 50%

Patamar estava em 133% quando o presidente Javier Milei assumiu o poder, em dezembro

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A Argentina cortou a taxa básica de juros pela terceira vez em três semanas, com apostas das autoridades em uma desaceleração sustentada da inflação ao consumidor e em meio à busca para reduzir os passivos do banco central do país.

A instituição reduziu a taxa de referência de 60% para 50%, de acordo com um comunicado divulgado na quinta-feira (02). Documento citou um abrandamento significativo nas pressões sobre os preços nos últimos meses.

As autoridades reduziram as taxas pela quinta vez, do patamar de 133% quando o presidente Javier Milei assumiu o poder, em dezembro. A inflação desacelerou todos os meses desde então, passando de uma máxima em três décadas, a 26% ao mês em dezembro, para 11% em março. Milei disse no fim de semana que a leitura de abril poderia estar em um dígito, num sinal de que os esforços do governo para controlar o crescimento descontrolado dos preços tem funcionado.

Em entrevista de rádio nesta quarta-feira, o presidente afirmou ainda que espera remover os complexos controles cambiais em algum momento deste ano. Um passo fundamental nesse processo é limpar o balanço do banco central por meio da redução das taxas, disse Milei. Ele acrescentou que imaginava que outro corte nas taxas seria feito.

De acordo com a economista de Argentina da Bloomberg Economics, Adriana Dupita, “o último corte nas taxas de juro da Argentina mostra que o banco central tem agido rapidamente para explorar as vantagens do bom momento dos mercados e a existência de controles sobre a saída de dólares. Cortes adicionais são possíveis nos próximos meses, mas a partir do momento em que forem relaxadas ou removidas as restrições ao movimento de capitais, o banco central não conseguirá mais manter os juros abaixo da inflação.”

Atuação do governo

Desde que tomou posse, o governo Milei suspendeu os controles de preços, desvalorizou a moeda em mais de 50% e divulgou o primeiro superávit fiscal trimestral da Argentina desde 2008. Para conseguir isso, Milei congelou quase todas as obras públicas e as transferências para governos locais, e manteve os gastos com pensões e salários públicos bem abaixo da inflação. A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira um amplo projeto de reforma econômica de Milei, que será votado no Senado nas próximas semanas.

A equipe econômica do presidente argentino vê a inflação mensal desacelerando muito mais rapidamente este ano do que analistas projetam, com a previsão de que a inflação ao consumidor cairá para 3,8% até setembro, de acordo com uma apresentação vista pela Bloomberg News datada de 4 de abril e de autoria de um importante vice do Ministro da Economia Luis Caputo. Analistas consultados pelo banco central da Argentina em março previam uma inflação mensal de 6,2% em setembro.

A inflação anual, no entanto, continua surpreendente. Em relação ao ano anterior, os consumidores argentinos enfrentam uma alta de quase 288% nos preço – o nível mais elevado desde que o país saiu da hiperinflação, no início da década de 1990.

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