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Argentina dá um grande passo rumo à dolarização

Foto: Sarah Pabst/Bloomberg

O banco central da Argentina anunciou nesta quinta-feira (16) que os intermediários de pagamento deverão habilitar transações com cartões de débito em dólares americanos até 28 de fevereiro, marcando um passo importante na promessa do presidente Javier Milei de dolarizar a economia.

O banco também desenvolveu um programa para permitir que as pessoas façam pagamentos parcelados em dólares ou pesos. A medida visa “fortalecer a competição cambial para permitir que pessoas e empresas utilizem a moeda que desejarem em suas transações diárias”, de acordo com um comunicado divulgado pelo órgão.

Separadamente, o banco decidiu manter a taxa de juros inalterada em 32% nesta quinta, frustrando as crescentes apostas dos investidores em outro corte nos custos de empréstimos, segundo uma pessoa com conhecimento direto do assunto.

Os mercados financeiros esperavam uma redução da taxa, após o abrandamento da inflação anual em dezembro e a decisão do banco central de reduzir a taxa de depreciação mensal da moeda oficial de 2% para 1%.

O ministro da Economia, Luis Caputo, acrescentou em um post na rede social X que, a partir desta sexta (17), as empresas poderão exibir etiquetas de preços para bens e serviços em dólares ou outras moedas estrangeiras — ao lado do custo em pesos.

Promessa de campanha

Durante sua campanha presidencial, Milei prometeu incentivar a competição cambial na segunda maior economia da América do Sul, um plano amplamente conhecido como “dolarização”. A proposta gerou críticas da oposição por ser vista como impossível em meio à escassez de dólares. Ainda assim, o anúncio desta quinta aponta na direção da promessa de Milei.

A Argentina ainda mantém uma série de controles de capital e câmbio. Milei prometeu retirar essas restrições neste ano, o que poderia forçar o banco central a oferecer taxas de juros mais atraentes para evitar uma possível corrida cambial.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), do qual a Argentina espera obter mais empréstimos para ajudar a retirar os controles, sempre defendeu taxas de juros bem acima da inflação.

Dados do governo divulgados na terça-feira (14) mostraram que os preços subiram 2,7% em dezembro em relação a novembro, o terceiro mês consecutivo abaixo de 3% e alinhado com a estimativa mediana dos economistas consultados pela Bloomberg. A inflação anual abrandou para 117,8%, uma queda em comparação com o pico de quase 300% no ano passado.

O banco central cortou as taxas de juros oito vezes desde que Milei assumiu o cargo em dezembro de 2023. Naquela época, os custos de empréstimos estavam em 133%. A estratégia tornou-se uma das partes mais não ortodoxas da abordagem de Milei para desacelerar a inflação.

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