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Banco Central da Argentina flexibiliza as regras de reservas para impulsionar crédito no país

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A Argentina flexibilizou a parcela das reservas obrigatórias que os bancos comerciais devem reportar diariamente, numa tentativa de aumentar gradualmente a liquidez e reativar o crédito após a vitória do partido do presidente Javier Milei nas eleições de meio de mandato. 

O banco central flexibilizou as regras que exigem o cumprimento integral da exigência diária de reservas, de acordo com uma norma publicada nesta quinta-feira (30). Os bancos poderão cumprir 95% da exigência diária, em vez dos atuais 100%. Os índices de reserva variam conforme o depósito e o instrumento.

O ajuste visa dar aos bancos mais flexibilidade na gestão da sua liquidez, uma vez que o cálculo exato dos saldos diários é difícil e a regra os levava a manter reservas excedentes para evitar penalidades elevadas. Este é o primeiro ajuste importante na política monetária desde a vitória de Milei nas eleições de meio de mandato, no último domingo, que desencadeou uma recuperação dos ativos argentinos no início desta semana, após mais de um mês de volatilidade. 

A mudança ocorre após meses de pressão dos bancos por meio de grupos do setor, buscando medidas para reduzir custos de financiamento e proteger a lucratividade. Autoridades do banco central haviam informado aos executivos dos bancos que flexibilizariam as regras após o término das eleições legislativas de domingo.

Os investidores já previam alguma mudança de política no horizonte.  

“A médio prazo, espera-se que os formuladores de políticas revertam gradualmente os aumentos emergenciais das exigências de reservas para depósitos à vista”, disse Walter Stoeppelwerth, diretor de investimentos da Grit Capital Group, uma corretora argentina, em um comunicado aos clientes nesta quinta-feira, antes da publicação da mudança na regra. “As evidências são claras: a liquidez está perigosamente restrita.” 

Ainda assim, a flexibilização dos controles de liquidez parece estar ocorrendo em um ritmo mais lento do que a rápida escalada das exigências pelos formuladores de políticas nos últimos meses. Trata-se de uma concessão consideravelmente menor do que a solicitada pelos bancos. As instituições financeiras, que enfrentaram uma crise de liquidez devido à tentativa do governo de conter a desvalorização do peso em meio à turbulência nos mercados antes das eleições de meio de mandato, vinham solicitando às autoridades a mudança do cumprimento diário das reservas para o cumprimento mensal. 

Antes das eleições, as taxas de juros sobre ativos em pesos atingiram brevemente patamares de três dígitos nos mercados monetário e de capitais. Os lucros diminuíram e as ações dos principais bancos despencaram. A atividade bancária principal também apresentou desaceleração, com a economia entrando em colapso e a inadimplência atingindo o nível mais alto desde o início da pandemia. Praticamente todos os bancos suspenderam a concessão de empréstimos hipotecários.

O banco central parece estar adotando uma abordagem mais cautelosa, visto que a flexibilização das exigências injeta mais pesos na economia e pode desestabilizar a moeda. Na quarta-feira, o Tesouro informou que renovou menos de 60% da dívida local com vencimento em um leilão, o que significa que um novo lote de pesos está prestes a chegar ao mercado.

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