Economia
Bolsonaro troca comando da Petrobras após alta nos preços dos combustíveis
Governo decidiu indicar Joaquim Silva e Luna para assumir os cargos de conselheiro e presidente da Petrobras após o encerramento do ciclo do atual CEO da companhia, Roberto Castello Branco.
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (19) que o governo decidiu indicar o general Joaquim Silva e Luna para assumir os cargos de conselheiro e presidente da Petrobras (PETR3 e PETR4) após o encerramento do ciclo do atual CEO da companhia, Roberto Castello Branco.
Em publicação no Facebook, Bolsonaro compartilhou nota assinada pelo Ministério de Minas e Energia sobre a mudança.
Silva e Luna, atual presidente de Itaipu, assumiria “após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente” da petroleira estatal, de acordo com o comunicado.
A Petrobras informou que recebeu ofício do Ministério de Minas e Energia solicitando providências para a convocação de uma assembleia geral extraordinária de acionistas com o objetivo de avaliar a indicação do general a um cargo no conselho da companhia.
No documento, o ministério pede ainda que Joaquim Silva e Luna “seja, posteriormente, avaliado pelo conselho de administração da Petrobras para o cargo de presidente”.
A estatal disse que o atual CEO Roberto Castello Branco e os demais diretores executivos têm mandato até 20 de março de 2021.
Queda de quase 8% nas ações
As ações da Petrobras fecharam o dia em forte queda, liderando as perdas do Ibovespa. A ação preferencial (PETR4) recuou 7,92%, enquanto o papel ordinário (PETR3) perdeu 6,63%. Acompanhe as cotações.
Comentando o caso em nota a clientes, o Goldman Sachs afirmou ver “a notícia como negativa para a empresa porque adiciona ruído à análise de investimento”.
“A gente não sabe até que ponto é discurso político para agradar determinadas classes ou interferência de fato na empresa”, comenta João Beck, da BRA Investimentos. “O mercado quer previsibilidade na própria política de reajuste. O que o mercado não quer e causa desconforto é a interferência política.”
Em relatório, a Levante Investimentos lembrou que Bolsonaro também havia ameaçado demitir o presidente do Banco do Brasil (BBAS3), André Brandão, após o banco ter anunciado um plano de fechamento de agências e de demissão voluntária.
“Os impactos de uma possível intervenção na Petrobras podem afugentar o capital estrangeiro para investimentos (…) se espalhar para em ativos nos setores de infraestrutura, energia elétrica e em todos os setores que há alguma regulamentação estatal mais firme, com consequências no médio e longo prazos”, afirmou a Levante no documento.
Crítica contra alta dos preços
Bolsonaro reiterou mais cedo que mudanças seriam feitas na Petrobras, um dia depois de criticar a elevação do preço dos combustíveis realizada na véspera pela estatal. As declarações de Bolsonaro têm preocupado o mercado, mas fontes disseram à Reuters que o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, não pretende pedir demissão.
“Anuncio que teremos mudança sim na Petrobras”, disse Bolsonaro nesta sexta durante viagem a Sertânia, em Pernambuco, para inauguração de uma obra. Bolsonaro, entretanto, afirmou que “jamais” vai interferir na estatal e não detalhou quais mudanças serão realizadas.