Economia
Brasil e Argentina discutem adoção de moeda sul-americana
Lula e Alberto Fernández divulgaram uma carta em conjunto em que defendem a aliança estratégica entre os dois países.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará neste domingo (22) sua 1ª viagem ao exterior após tomar posse. Assim como em seus outros mandatos, a Argentina foi o país escolhido como primeiro destino internacional. E entre os assunto que serão discutidos com o presidente Alberto Fernández está a adoção de uma moeda comum para a América do Sul.
Um comunicado divulgado em conjunto pelos dois países, e assinado tanto por Lula quanto por Fernández, fala sobre a aliança estratégica entre as nações e enfatiza a necessidade da superação de barreiras.
“Pretendemos superar barreiras às nossas trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda comum sul-americana que possa ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo os custos de operação e diminuindo a nossa vulnerabilidade externa.”
A criação de uma moeda comum para o Mercosul já havia sido mencionada pelo embaixador da Argentina, Daniel Scioli, após um encontro com o ministro da Fazenda Fernando Haddad, no início de janeiro. No entanto, na ocasião, após ser questionado por jornalistas, Haddad se irritou e negou a existência do projeto.
No ano passado, Haddad e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo em que propunham o uso de uma moeda única no comércio sul-americano para impulsionar a integração na região e fortalecer a soberania monetária dos países do continente.
A adoção de uma moeda única para o Mercosul já chegou a ser defendida pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes durante o governo Bolsonaro.
O presidente Lula e sua comitiva, que inclui Haddad, embarcam às 18h da base aérea de Brasília para Buenos Aires.
Além da agenda bilateral, Lula participará nesta segunda-feira (23) da reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), colegiado do qual o Brasil voltou a participar, após ter se retirado durante o governo de Jair Bolsonaro.
Como deve funcionar a moeda comum para o Mercosul?
Apesar da proposta ainda não estar definida, em sua visita ao Brasil, o embaixador argentino Daniel Scioli disse que o objetivo não é criar uma moeda única como o euro, apenas para as transações comerciais do bloco.
Desta forma, o real, o peso argentino e as demais moedas dos países vizinhos continuariam existindo, de acordo com ele. A adoção de uma moeda única deve integrar e aumentar o intercâmbio comercial no bloco sul-americano, fortalecendo o Mercosul.
1ª viagem presidencial ao exterior
Lula e o presidente argentino prometem reativar a cooperação entre os dois países, em especial, da reindustrialização das duas economias, com geração de emprego de qualidade e investimentos em inovação.
“O comércio entre a Argentina e o Brasil já tem alta participação de produtos industrializados em setores estratégicos. A integração entre as nossas cadeias produtivas contribui para mitigar choques externos, como os que ocorreram durante a pandemia. Não podemos depender de fornecedores externos para termos acesso a insumos e bens essenciais para o bem- estar das nossas populações”, diz o texto.
O comunicado também ressalta que os laços entre a Argentina e o Brasil têm como fundamento a consolidação da paz e da democracia.
“Queremos democracia para sempre. Ditadura nunca mais. Condenamos todas as formas de extremismo antidemocrático e de violência política.”
A união energética é outro tema que será discutido e a “integração gasífera” com a Argentina deve ser um dos principais eixos estratégicos na nova relação entre os países. Existe a proposta da construção de um gasoduto entre as reservas de gás xisto da reserva de Vaca Muerta até o Brasil.
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