Economia
Brasileiros consomem mais whisky – e público jovem entra no radar das marcas
País foi o terceiro mercado que mais cresceu em consumo do destilado entre 2021 e 2023.
Não é exatamente uma tradição consumir whisky no Brasil, mas a bebida de origem celta vem ganhando a preferência de um público disposto a apreciar rótulos sofisticados, pagando um pouco a mais por isso. O país é o terceiro mercado do mundo que mais avançou no consumo do destilado entre 2021 e 2023, com alta de 16%, atrás apenas de Japão e Índia, segundo dados inéditos compilados pela Euromonitor International.
No ranking global, o Brasil ostenta a quinta posição em um segmento dominado por Índia e Estados Unidos, nesta ordem. Marcas como Johnnie Walker e Jack Daniel’s sabem do potencial e, assim como outras, se posicionam para disputar esse mercado, expandindo seu portfólio por aqui – seja com single malts, blended ou composições mais exclusivas – e “salgadas”. Um Blue Label, hoje, não custa menos que R$ 1 mil, enquanto edições mais raras passam de R$ 5 mil a garrafa.
De olho neste mercado, destilarias regionais, especialmente no Sul do país, apostaram recentemente em novas técnicas de produção para elevar a qualidade de seu whisky e vêm ganhando prêmios internacionais. Aos poucos, ajudam a derrubar a má reputação da bebida produzida em solo nacional.
Novo hábito cultural?
“O mercado brasileiro aceitou culturalmente o whisky”, comenta Rodrigo Mattos, analista sênior de pesquisa na Euromonitor International. “Inclusive, é comum comentar que o maior consumo per capita do mundo de whisky ocorre na cidade de Recife”. Ele atribui o maior consumo nas mesas de bar – e por que não no churrasco? – a novos paradigmas econômicos, especialmente após a pandemia de covid-19.
Por ser uma bebida premium se comparada a outras categorias – o portfólio mais acessível costuma custar a partir entre R$ 70 e R$ 80 a garrafa –, o whisky vem sendo “revalorizado” dentro do movimento “menos, mas melhor”. Segundo Mattos, o brasileiro está mais disposto a reduzir a frequência de consumo de algumas bebidas, como a cachaça, para aumentar o ticket médio do investimento em categorias valorizadas por sua qualidade, como o whisky.
O analista da Euromonitor explica que o consumidor de whisky costuma ser um pouco mais maduro, com renda estável e curiosidade pelo destilado. “As marcas estão fazendo esforços significativos para rejuvenescer e atrair públicos mais jovens, e esses esforços têm sido bem-sucedidos”, comenta. “O desafio é de longo prazo e envolve cativar as gerações mais propensas a buscar um estilo de vida saudável, mantendo, ao mesmo tempo, orçamentos mais restritos”.
Produção nacional
De olho em um mercado em potencial, destilarias nacionais começaram a buscar uma notoriedade nunca antes reconhecida, apostando em rótulos de maior qualidade e com chances de ganhar mais destaque nas prateleiras.
Nesse contexto, a Kalvelage foi recentemente premiada na quinta edição do Singapore World Spirits Competition (SWSC), conquistando a medalha “double gold” com o whisky da casa, que também já levou prêmios em Nova York, Londres, São Francisco e Hong Kong.
Fundada por Mauricio Kalvelage, a destilaria catarinense fundada em 2012 produz bebidas com 100% de cereais e sem adição de açúcar. “O mercado brasileiro amadureceu muito em relação aos destilados nacionais, que hoje são vistos com bons olhos. E, a Kalvelage faz um brinde quando o assunto é competitividade, mobilidade e concorrência nacional direta”, afirmou Marcos, por nota à imprensa.
A Union Distillery, de Bento Gonçalves (RS), é outro forte exemplo da aposta pesada na produção de whisky de qualidade. Fundada em 1948 e inicialmente focada em vinhos, a empresa passou a se dedicar ao malte whisky em 1972, sob o comando das famílias Borsato e Ziero.
Com a inauguração de uma moderna unidade no Vale dos Vinhedos, em 2015, a Union foi a primeira destilaria no país a abrir as portas para o turismo de experiência voltado exclusivamente ao whisky, em 2019, com visitas guiadas e degustações. Uma opção aos amantes da bebida e aos que buscam alternativas aos passeios a vinícolas.
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