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Canadá vai taxar veículos elétricos e aço fabricados na China

Sobretaxa sobre carros entrará em vigor em 1º de outubro, enquanto a do aço será aplicada duas semanas depois

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O Canadá vai impor novas tarifas sobre veículos elétricos, alumínio e aço fabricados na China, alinhando-se com aliados ocidentais e tomando medidas para proteger os fabricantes domésticos.

O governo anunciou uma taxa de 100% sobre carros elétricos e 25% sobre aço e alumínio. O primeiro-ministro Justin Trudeau revelou a política na segunda-feira (27) em Halifax, Nova Escócia, onde ele se reuniu com o restante de seu gabinete para uma série de reuniões sobre economia e relações exteriores.

A sobretaxa sobre veículos elétricos entrará em vigor em 1º de outubro e incluirá também certos automóveis híbridos de passageiros, caminhões, ônibus e vans de entrega. Ela será adicionada a uma tarifa existente de 6,1% que já se aplica aos veículos elétricos chineses.

As tarifas sobre alumínio e aço entrarão em vigor em 15 de outubro. O governo divulgou uma lista inicial de produtos na segunda-feira e o público terá a chance de comentar antes que ela seja finalizada em 1º de outubro.

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O governo de Trudeau também está lançando uma nova consulta de 30 dias sobre outros setores, incluindo baterias e peças de baterias, semicondutores, produtos solares e minerais críticos.

“Estamos transformando o setor automotivo do Canadá para ser um líder global na construção dos veículos de amanhã”, disse Trudeau. “Mas atores como a China optaram por se dar uma vantagem injusta no mercado global, comprometendo a segurança de nossas indústrias críticas e deslocando trabalhadores dedicados do setor automotivo e metalúrgico canadense.”

Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canada (Bloomberg)

O Canadá, uma economia orientada para exportação que depende fortemente do comércio com os Estados Unidos, têm observado de perto as ações da administração Biden de erguer uma barreira tarifária muito mais alta contra veículos elétricos, baterias, células solares, aço e outros produtos chineses. O setor automotivo do Canadá é altamente integrado com o de seu vizinho mais próximo: A grande maioria de sua produção de veículos leves — que foi de 1,5 milhão de unidades no ano passado — é exportada para os EUA.

A ministra das Finanças Chrystia Freeland, a pessoa mais poderosa do gabinete de Trudeau, tem sido uma das vozes mais proeminentes a favor de uma abordagem mais rígida às exportações de veículos chineses, e de se tornar um aliado comercial mais próximo dos EUA.

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Freeland disse em Halifax que a política chinesa de superprodução foi construída com base em padrões trabalhistas e ambientais “abissais”. “Não vamos construir a política canadense com base em abusos dos trabalhadores na China e em poluição na China”, afirmou.

O governo também anunciou que vai limitar a elegibilidade para incentivos a veículos elétricos a produtos fabricados em países que tenham acordos de livre comércio com o Canadá.

As novas tarifas serão revisadas dentro de um ano após sua entrada em vigor.

China diz que tomará medidas

A embaixada da China em Ottawa disse que a medida é um “ato típico de protecionismo comercial e dominação política”, em desacordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e inconsistente com a posição do Canadá como um autoproclamado defensor do livre comércio global e da ação climática.

A acusação do Canadá de “superprodução” é infundada, disse a embaixada em um comunicado, argumentando que o rápido desenvolvimento dos veículos elétricos na China se baseia em inovação tecnológica, produção sólida e competição de mercado suficiente.

“A China tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, afirmou a embaixada.

A China já retaliou o Canadá antes. Anteriormente, restringiu as importações de sementes de canola canadense por três anos — uma medida vista como retaliação à decisão das autoridades canadenses de prender a executiva da Huawei, Meng Wanzhou, em Vancouver sob um mandado de extradição dos EUA. Meng retornou à China em 2021.

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A União Europeia também anunciou novas tarifas sobre veículos elétricos importados da China, embora em níveis mais baixos do que os propostos pelos EUA e agora pelo Canadá.

Os líderes chineses planejam levantar a questão das tarifas quando o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, visitar o país esta semana, de acordo com a agência oficial de notícias Xinhua. Sullivan deve se encontrar com o Ministro das Relações Exteriores Wang Yi e pode também se encontrar com o líder chinês Xi Jinping.

O valor dos veículos elétricos chineses importados pelo Canadá subiu para C$ 2,2 bilhões (US$ 1,6 bilhão) no ano passado, de menos de C$ 100 milhões em 2022, de acordo com dados da Statistics Canada. O número de carros vindos da China para o porto de Vancouver aumentou após a Tesla Inc. começar a enviar veículos Model Y de sua fábrica em Xangai para lá.

Carro da BYD: marca chinesa tem avançado na venda de veículos elétricos (Bloomberg)

No entanto, a principal preocupação do governo canadense não é a Tesla, mas a perspectiva de carros baratos fabricados por montadoras chinesas eventualmente se tornarem disponíveis. A BYD informou ao governo canadense em julho que pretende fazer lobby junto a legisladores e autoridades sobre seus planos de entrar no país.

Trudeau também enfrentou pressões políticas e da indústria para proteger empregos e salários domésticos. O governo apostou alto em montadoras e fabricantes de países aliados democráticos: o governo concordou em conceder subsídios de bilhões de dólares para plantas de veículos elétricos ou fábricas de baterias para Stellantis, Volkswage e Honda, entre outros.

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Com uma revisão do Acordo EUA-México-Canadá prevista para 2026, há “simplesmente muito em jogo” para a indústria automotiva e a economia se o Canadá estiver desalinhado com os EUA, disse Brian Kingston, presidente e diretor executivo da Canadian Vehicle Manufacturers’ Association, em um comunicado.

Produtores de aço e alumínio no Canadá também instaram publicamente e repetidamente o governo a restringir o acesso da China. Catherine Cobden, presidente e diretora executiva da Canadian Steel Producers Association, disse que a medida não criará grandes desafios na cadeia de suprimentos.

“Claro que haverá ajustes que terão que ser feitos, mas estamos confiantes de que há aço suficiente para atender às necessidades dos consumidores canadenses e americanos sem o aço chinês negociado de forma injusta e altamente subsidiado”, disse ela em uma entrevista.

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