As cotas entrarão em vigor a partir de 1º de janeiro, após autoridades constatarem que o aumento das importações vinha prejudicando a indústria doméstica. O total de cotas para todas as importações será elevado gradualmente a cada ano: de 2,69 milhões de toneladas em 2026, para 2,74 milhões em 2027 e 2,8 milhões em 2028.
Os principais fornecedores — incluindo Brasil, Argentina, Uruguai e Nova Zelândia — poderão enviar volumes proporcionais à sua participação de mercado no país, segundo comunicado do ministério. Produtores menores, como Mongólia, Coreia do Sul e Tailândia, ficarão isentos.
As medidas, que seguem uma investigação iniciada em dezembro de 2024, devem restringir o fluxo de carne bovina no maior importador mundial, impactando produtores e pecuaristas de outros países. Até novembro deste ano, a China havia importado 2,6 milhões de toneladas de carne bovina, segundo dados da alfândega.
O Conselho da Indústria de Carne da Austrália (AMIC) disse estar “extremamente desapontado” e alertou que as medidas podem reduzir as exportações australianas para a China em cerca de um terço em relação aos níveis recentes, afetando negócios de mais de A$ 1 bilhão (US$ 668 milhões). “Essa decisão terá um impacto severo nos fluxos comerciais para a China durante a vigência das medidas”, afirmou o CEO do AMIC, Tim Ryan.
Nos últimos anos, as importações chinesas de carne bovina aumentaram junto com a elevação da renda, mas a produção doméstica também cresceu à medida que o governo incentivou os agricultores a criarem mais gado. O excesso de oferta agora pressiona o setor interno, com consumidores reduzindo o consumo e congeladores cheios. Os preços no atacado caíram ao menor nível desde 2019 no início deste ano.
O Brasil, principal fornecedor da China, recebeu uma cota de pouco mais de 1 milhão de toneladas por ano. Para os EUA, as cotas são de 164 mil toneladas em 2026, subindo para 168 mil em 2027 e 171 mil em 2028 — acima dos atuais fluxos comerciais.
Para consumidores fora da China, a medida pode ser positiva, ajudando a conter preços que atingiram níveis recordes devido à forte demanda e oferta limitada. Nos Estados Unidos, maior mercado mundial de carne vermelha, a produção não tem conseguido acompanhar o consumo. O presidente Donald Trump reduziu tarifas sobre carne bovina e outros produtos alimentícios caros para tentar aliviar o impacto do alto custo de vida sobre os eleitores.