Economia

China pede que bancos liberem US$ 85 bi em crédito imobiliário

Nesta sexta-feira (30), o governo central divulgou um atípico incentivo fiscal para compradores de imóveis.

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Reguladores financeiros da China disseram aos maiores bancos estatais do país que ofereçam pelo menos 600 bilhões de yuans (US$ 85 bilhões) em financiamento líquido nos últimos quatro meses do ano ao setor imobiliário, segundo pessoas com conhecimento do assunto, em mais uma tentativa de resolver a crise de liquidez cada vez mais profunda.

O Banco Popular da China (BPC) e a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China (CBIRC) recentemente orientaram os seis maiores bancos, entre eles o Industrial & Commercial Bank of China (ICBC) e o China Construction Bank, para que cada um oferte pelo menos 100 bilhões de yuans na forma de algum tipo de apoio financeiro como hipotecas, empréstimos a incorporadoras e compras de títulos, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

O PBOC, CBIRC, ICBC e China Construction Bank não responderam de imediato a pedidos de comentário.

A ordem é a mais recente de uma série de ações destinadas a amenizar a desaceleração no mercado imobiliário, que afeta a segunda maior economia do mundo há mais de um ano. Autoridades chinesas já incentivaram governos locais a diminuírem restrições à compra de imóveis, pediram aos bancos que atendam as necessidades de financiamento razoáveis de incorporadoras e estabeleceram um programa para oferecer empréstimos especiais por meio de bancos de desenvolvimento a fim de garantir que os projetos sejam entregues.

Nesta sexta-feira (30), o governo central divulgou um atípico incentivo fiscal para compradores de imóveis. As pessoas que comprarem novas residências dentro de um ano após a venda das antigas serão restituídas no imposto de renda, de acordo com comunicado no site do Ministério das Finanças.

Alguns títulos em dólar da Country Garden Holdings, a maior construtora do país, encostaram nos maiores ganhos desde março, com alta de 9 centavos de dólar, segundo preços compilados pela Bloomberg.

Lentidão dos empréstimos

Bandeira da China em Pequim 29/04/2020 REUTERS/Thomas Peter

A meta de crédito seria quase equivalente ao aumento dos empréstimos imobiliários concedidos por todo o setor bancário no primeiro semestre. Empréstimos imobiliários em aberto aumentaram 4,2% em relação ao ano anterior, o ritmo mais lento já registrado, mostram dados do BPC.

Apesar dos apelos dos reguladores, bancos permanecem cautelosos ao emprestar para incorporadoras sem dinheiro, enquanto a demanda por hipotecas caiu em linha com a confiança dos compradores de imóveis.

Além dos empréstimos tradicionais para hipotecas e projetos imobiliários, os bancos também são incentivados a comprar títulos emitidos por incorporadoras e investir no programa de empréstimos para a entrega de projetos, disseram as pessoas. Essa iniciativa atualmente visa 200 bilhões de yuans em empréstimos financiados por bancos de desenvolvimento como o China Development Bank e o Agricultural Development Bank of China, informou a Bloomberg em agosto.

O boicote no pagamento de hipotecas ganhou ainda mais força entre compradores irritados, à espera de que as obras sejam retomadas e seus apartamentos concluídos. Dados de alta frequência indicam que a atividade no mercado imobiliário permaneceu fraca na primeira quinzena de setembro, segundo nota do UBS.

As medidas para apoiar o setor imobiliário ganharam ritmo nesta semana, antes de um congresso do Partido Comunista que ocorre duas vezes a cada década em outubro. Na quinta-feira, o governo central permitiu que mais de 20 cidades reduzissem as taxas de hipoteca para a compra da principal residência, enquanto o banco central prometeu acelerar a construção de imóveis com mais empréstimos especiais.

Um jornal estatal ligado ao banco central pediu menos requisitos para as entradas das hipotecas, o que alguns observadores do mercado consideram extremamente necessário para uma recuperação.

A China tem munição suficiente para salvar o setor imobiliário em crise, já que os fundos totais de resgate podem chegar a 3,57 trilhões de yuans com apoio do governo central, de acordo com a CLSA. O valor é muito maior do que os estimados 700 bilhões a 800 bilhões de yuans necessários para reativar projetos paralisados, com base em estimativas da S&P Global.

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