Economia
China prepara fim de suspensões de voos por covid, mas mantém Disney restrita
País teria pedido a órgãos que se preparem para acabar com medidas por uma a duas semanas.
A China elabora planos para descartar um sistema que penaliza as companhias aéreas por trazer casos de vírus para o país, de acordo com a Bloomberg. Seria este um sinal de que as autoridades buscam maneiras de aliviar o impacto da política Covid Zero.
No entanto, as principais empresas globais chinesas, de montadoras a gigantes de tecnologia, estão sofrendo interrupções em seus negócios desde outubro.
O Conselho de Estado, que controla a burocracia chinesa, teria pedido recentemente a órgãos governamentais, incluindo a agência regulador da aviação civil, que se preparem para acabar com um mecanismo que suspende companhias aéreas de rotas específicas por uma a duas semanas. Um mecanismo semelhante para Hong Kong foi interrompido em julho.
O pedido faz parte de um plano mais amplo de três etapas elaborado em meados do ano para normalizar a indústria de aviação da China. Na prática, o país está isolado do resto do mundo por suas restrições de fronteira relacionadas à pandemia.
O primeiro passo foi aumentar o número de voos para a China, que parece já estar em andamento. A Administração de Aviação Civil da China disse no mês passado que o país mais que dobrará voos internacionais de passageiros entre outubro e o final de março, em relação ao mesmo período um antes, e aéreas como a China Eastern Airlines e a China Southern Airlines disseram que já avaliam aumentar os voos.
O foco agora parece ter mudado para a etapa dois, com pedidos de lideranças para que os reguladores elaborem um plano para aliviar o mecanismo de suspensão. O terceiro passo seria facilitar um retorno completo ao tráfego normal da aviação, disseram as pessoas. Não está claro qual é o cronograma para a implementação dessas duas etapas.
Mercado financeiro
Evidências de que a China ao menos estuda mudanças que diminuiriam seu isolamento global serão examinadas com atenção por investidores, com as ações chinesas perto de mínimas de vários anos por causa dos danos econômicos causados pelos confinamentos repentinos, testes em massa e restrições de fronteira do Covid Zero.
Nesta sexta-feira (4), os mercados asiáticos tiveram dia de ganhos dado os rumores de que o país pode flexibilizar as medidas restritivas contra a covid para as companhias aéreas. Somado a isso, o desempenho das ações de tecnologia da China puxaram os índices de Hang Seng e Shanghai a altas de 5,36% e 2,43% respectivamente.
O índice de Taiwan subiu 0,31%, o sul-coreano KOSPI avançou 0,83% enquanto o índice japonês Nikkei, em retorno de feriado, teve queda de 1,68% pelos balanços de empresas de tecnologia divulgados.
Restrições prejudicam negócios
Na quarta-feira (2), autoridades impuseram um bloqueio de sete dias na cidade de Zhengzhou – área que abriga a maior fábrica de montagens de iPhones na China. Desde meados de outubro que a instalação que é administrada pela Foxcom sofre de surtos do vírus, segundo a mídia estatal do país National Business Daily.
No entanto, a fabricante não é a única companhia a lidar com casos de covid-19. O resort da Disney em Xangai – complexo que inclui o parque de diversões – suspendeu suas operações para prevenir novos surtos. Os visitantes foram trancados dentro do parque até que apresentem um teste negativo para o vírus.
O resort anunciou o fechamento do principal parque temático incluindo áreas vizinhas. Xangai relatou em 30 de outubro ter 10 casos transmitidos localmente.
Já a montadora de carros elétricos Nio fechou duas fábricas na cidade de Hefei após comunicar que sua produção foi prejudicada pela pandemia.
Outra empresa afetada, a Yum China, dona das redes KFC, Pizza Hut e Taco Bell, divulgou que no mês passado 1.400 lojas da rede estiveram fechadas ou ofereciam apenas serviços de entrega ou retiradas.
Ainda não está claro como o país asiático deve flexibilizar as restrições à covid após o presidente XiJinping apresentar uma nova equipe de líderes no Congresso Nacional do Partido Comunista no final de outubro. Pela primeira vez desde 1989 que o grupo de elite é formado por pessoas próximas ao líder do país. Antes, o controle político era formado por líderes de diferentes idades e de todas as facções do partido.
A consolidação do poder de Xi provoca alertas de que o país mais populoso do mundo vem se encaixando na definição de uma autocracia.
*Com Bloomberg
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