Petróleo, minério e ouro: quem destoou (para melhor) dentro do resultado fraco do PIB no Brasil

No emaranhado de números mais fracos referentes ao PIB do segundo trimestre, um setor nada sexy acabou se destacando: a indústria extrativa. É aí que estão reunidas as indústrias de petróleo, gás natural e mineração – que contempla desde minério de ferro até os metais preciosos. Estamos falando, portanto, de um setor onde atuam gigantes como Petrobras e Vale. E que cresceu 5,4% na comparação com o primeiro trimestre – o melhor resultado para esse segmento em quatro anos.

O PIB todo, nesse período, cresceu 0,4%. Uma desaceleração relevante se comparado ao desempenho do primeiro trimestre, quando o crescimento havia sido de 1,3%. Muito desse enfraquecimento tem a ver com a taxa de juros, que há mais de três anos é contabilizada em dois dígitos.

Mas no setor de extrativa, os juros não fizeram muita diferença. Foi graças a esse setor que a indústria no Brasil conseguiu mostrar um avanço de 0,5% no período. É que todos os outros setores que compõem essa indústria mostraram retração: o setor de transformação recuou 0,5%, construção civil teve queda de 0,2%, e eletricidade, gás água e esgoto caíram 2,7%.

O PIB da indústria extrativa
Variação ante o trimestre anterior
PeríodoDesempenho
1º tri 20232,30%
2º tri 20231,80%
3º tri 20230,10%
4º tri 20234,70%
1º tri 2024-0,40%
2º tri 2024-4,40%
3º tri 2024-0,30%
4º tri 20240,70%
1º tri 20152,10%
2º tri 20255,40%
Fonte: IBGE.

O desempenho positivo da indústria extrativa reflete sobretudo o avanço da produção de petróleo e gás natural no pré-sal, que segue em expansão e tem sustentado recordes. E, claro, isso tem tudo a ver com o bom resultado operacional apresentado pela Petrobras no trimestre, quando a  produção de óleo alcançou 2,32 milhões de barris por dia, um aumento de 5% em relação à do trimestre anterior.

A recuperação dos embarques de minério de ferro, liderada pela Vale, também contribuiu. Nesse caso, o é a China o motor para esse resultado. Além disso, outros metais como ouro, prata e cobre vêm sentido os efeitos do aumento da demanda global. Foi nesse contexto que a prata ultrapassou US$ 40 a onça pela primeira vez desde 2011, e o ouro se aproximou de uma máxima histórica.

Riscos à frente

O problema é que alguns dos motivos pelos quais esse setor teve um bom desempenho podem não durar muito tempo. O preço das commodities, especialmente do petróleo e do minério de ferro, tendem a ser impactado num cenário de economia mais frágil. E são esses preços que devem dar a direção para a estratégia de produção das companhias.

Na verdade, esse efeito já começou: o petróleo tipo Brent é negociado hoje abaixo de US$ 70,00 e acumula uma queda de quase 8%. Já o minério de ferro tem alta de quase 4%, mas as previsões dos analistas é de que o preço caia dos atuais US$ 100 por tonelada para baixo de US$ 90,00.

O Departamento de Energia dos EUA (DoE) também reduziu a previsão para o preço médio do petróleo tipo Brent em 2025. Isso por causa da menor demanda global e apesar dos impactos de conflitos geopolíticos.

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