Economia

Comunicado duro do BC incomoda Lula e equipe econômica, dizem fontes

Campos Neto não teria transmitido o mesmo tom em reuniões com representantes do governo.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e membros de sua equipe econômica ficaram incomodados com o tom do comunicado publicado pelo Banco Central esta semana, segundo três pessoas com conhecimento do assunto. 

O documento, publicado na quarta-feira (1) para justificar a decisão de manter a taxa básica de juros em 13,75%, não teria refletido a mensagem mais branda que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, transmitiu em reuniões com representantes dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, além de membros da equipe política de Lula, disseram as pessoas, pedindo anonimato porque a discussão não é pública. 

Presidente Lula em café da manhã com jornalistas 12/01/2023 REUTERS/Adriano Machado

Embora ninguém esperasse que a autoridade monetária baixasse as taxas neste momento, os participantes daquelas reuniões ficaram com a impressão de que Campos Neto reconheceria pelo menos os esforços da equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para equilibrar o orçamento de 2023 e introduzir uma nova e confiável regra fiscal para os próximos anos. 

Esses esforços não foram apenas deixados de lado pela diretoria do Banco Central, disseram as pessoas, mas os formuladores de política monetária também sinalizaram que as taxas de juros podem ter que permanecer no nível atual por mais tempo para garantir que as expectativas de inflação retornem às metas – fixadas em 3,25% para 2023 e 3% para os próximos dois anos. 

O Banco Central e o Ministério da Fazenda não responderam imediatamente a um pedido de comentário. 

Lula começou a reclamar da autoridade monetária há duas semanas, chamando de “bobagem” a lei que dá autonomia à autoridade monterária e dizendo que os juros elevados estavam provocando um “arrocho” na economia.

As críticas aumentaram na quinta-feira, quando o presidente disse em entrevista uma TV que não há razão para o BC ter mantido a Selic em 13,75%.

Ele também disse que esperaria até o final do mandato de Campos Neto, em 2024, para fazer uma avaliação da autonomia dada à autoridade monetária. Ainda assim, não há discussão na equipe econômica sobre a mudança da lei de autonomia do BC, disseram duas das pessoas. 

Segundo um deles, Lula está deixando claro que está muito chateado, mas não quer prejudicar a credibilidade da política econômica brasileira. Em vez disso, o presidente quer enviar a Campos Neto uma mensagem de que ele deveria saber jogar em equipe, disse a pessoa.

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