Economia
Crise x pandemia: Samy Dana e convidados debatem saídas para a economia
Alexandre Schwartsman, Carlos Goes e Leonardo Siqueira opinam sobre o preço do lockdown e a magnitude das perdas que o coronavírus vai deixar na economia brasileira.
Em entrevista produzida pelo InvestNews para a “Jovem Pan”, Samy Dana conversou com o fundador do Terraço Econômico, Leonardo Siqueira; o economista Alexandre Schwartsman e o fundador do Instituto Mercado Popular, Carlos Goes. O assunto é a crise econômica que se aproxima, como efeito da pandemia do coronavírus, e todas as polêmicas que envolvem sacrificar negócios e a renda da população.
Não há resposta imediata sobre até onde pode ir a crise. Na visão de Carlos Goes, tudo vai depender das políticas que serão adotadas para combater os efeitos da pandemia.
“Essa crise não é interna. Estamos desligando a chave da economia por um bem maior que é cuidar da saúde da população. Estamos parando esse motor no curto prazo para limitar os efeitos ainda mais negativos no longo prazo”, diz Carlos Goes.
CARLOS GOES, DO INSTITUTO MERCADO POPULAR
No entendimento de Goes, se as pessoas morrerem e as empresas falirem, o país perder a capacidade produtiva da economia de longo prazo o que seriam em sua opinião efeitos mais preocupantes.
Para Leonardo Siqueira, o ideal seria existir um consenso entre os médicos e os economistas sobre o chamado “lockdown” – interrupção das atividades – a fim de reduzir as consequências catastróficas para a economia.
“Os governos colocaram nas mãos dos médicos o poder de decidir e eles certamente estão pensando na saúde. Mas cabe aos governantes e formadores de políticas públicas pensar no todo (…) Um lockdown rápido, por 15 dias, é eficiente porque aí você consegue entender qual deve ser a próxima fase, se vamos isolar só os grupos de risco ou estender por mais 15 dias”.
LEONARDO SIQUEIRA, DO TERRAÇO ECONÔMICO
Siqueira mencionou que é saudável a discussão sobre o lockdown vertical que alguns grupos passaram a defender. Ele consiste em isolar apenas a população de risco e liberar o restante da população para trabalhar e circular.
Segundo o economista Alexandre Schwartsman, o país vai ter que fazer essa política agressiva, independentemente de o país ter poupado no passado ou não, como em outros países.
“Muito provavelmente vamos ter uma explosão significativa da dívida pública pelos próximos meses. É para não fazer [política de isolamento]? Tem que fazer, porque teremos os gastos médicos para limitar a pandemia e manter a população”.
Alexandre Schwartsman, ECONOMISTA
Schwartsman calcula que, em três meses, os gastos do governo com saúde pública podem chegar a R$ 135 bilhões, mais a perda de arrecadação e a necessidade de estender o crédito. “Não parece insano que a dívida pública suba 10 pontos percentuais do PIB, indo para 90% do PIB”, acrescenta.
Segundo ele, significa dizer que, se a situação já estava complicada antes da crise, todas as reformas vão ter que ser mais duras e aprovadas de forma mais rápida para que isso não vire um problema num prazo mais curto. “O risco de ter um problema muito sério no campo fiscal é enorme”.
Assista à entrevista completa no InvestNews.