O vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, disse que a China expandirá suas importações, horas depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, deixou a economia fora dos países que ele pretende atingir com tarifas em breve.
“Não estamos buscando um superávit comercial. Queremos importar produtos e serviços mais competitivos e de qualidade para promover um comércio equilibrado”, disse Ding na terça-feira (21) no Fórum Econômico Mundial anual em Davos, na Suíça, sem citar nenhum país.
Os comentários de Ding foram feitos logo depois que Trump evitou se comprometer com um plano de tarifas chinesas após sua posse na segunda-feira. Em vez disso, ele se concentrou nas taxas sobre o Canadá e o México, sinalizando planos para impor tarifas ameaçadas anteriormente de até 25% até 1º de fevereiro.
Embora ainda seja cedo, as relações entre os EUA e a China tiveram um início inesperadamente caloroso após o retorno de Trump à Casa Branca. O presidente dos EUA também deu uma ajuda ao TikTok ao suspender temporariamente a proibição no país, dando à empresa e à sua controladora chinesa ByteDance Ltd. mais tempo para encontrar um parceiro nos EUA.
Trump sugeriu que teria reuniões e telefonemas com o presidente chinês Xi Jinping, dizendo que havia sido convidado para ir à China, sem entrar em detalhes. O líder dos Estados Unidos assinou uma ordem para que seu governo lidasse com práticas comerciais injustas em todo o mundo e investigasse a conformidade da China com um acordo firmado durante seu primeiro mandato.
Ding, um dos sete membros do Comitê Permanente do Politburo, o principal órgão de liderança do Partido Comunista, liderado por Xi, disse que a China tem se esforçado para expandir as importações e tem um nível geral de tarifas baixo, de 7,3%. Ele também elogiou o acordo de tarifa zero do país para as economias menos desenvolvidas, já que Pequim busca expandir sua influência no chamado Sul Global.
O superávit comercial da China subiu para um recorde de US$ 992 bilhões no ano passado, impulsionado pelas fortes exportações que impulsionaram a economia, mas que podem ser ameaçadas pelas tarifas. Outras economias, como a União Europeia e o Brasil, também tomaram medidas para conter o influxo de produtos chineses baratos.
Ding também procurou enfatizar o apelo da China para os investidores com possíveis maiores tensões geopolíticas no horizonte. Ele prometeu eliminar os obstáculos para as empresas e convidou mais empresas estrangeiras a entrarem no mercado.
“A porta de abertura da China não será fechada e se abrirá ainda mais, e nosso ambiente de negócios só melhorará”, disse ele.
A China está tentando manter seu ímpeto de crescimento depois que os dados da semana passada mostraram que a economia atingiu sua meta de expansão anual, mas permaneceu dependente do comércio, com a demanda doméstica permanecendo fraca, apesar de uma blitz de estímulo no final de setembro.
O acordo que Pequim assinou com Washington em janeiro de 2020 – anunciado como a primeira fase de um pacto comercial mais amplo – delineou uma onda de gastos de US$ 200 bilhões para reduzir o desequilíbrio comercial da China com os EUA. É provável que a nação asiática não tenha cumprido esse compromisso, em parte porque a pandemia, pouco tempo depois, afetou as cadeias de suprimentos globais.
A China deve anunciar sua meta de crescimento para 2025 em uma sessão parlamentar anual em março, que provavelmente será semelhante, se não idêntica, à do ano passado, com base nas metas provinciais já anunciadas. Pequim prometeu afrouxar a política monetária e expandir os gastos fiscais, com maior ênfase no aumento do consumo este ano.
Ding também visitará a Holanda, além de participar do evento de Davos, informou anteriormente o Ministério das Relações Exteriores da China.