Economia
Dívida corporativa emergente fica atrativa após onda de defaults
Os fundos globais de dívida de mercados emergentes registaram saídas de US$ 8,3 bilhões este ano
A dívida corporativa de mercados emergentes está pronta para uma recuperação, com menos risco de defaults e mercados mais confiantes em um pouso suave, segundo a Muzinich.
Warren Hyland, gestor que ajuda a administrar US$ 3,6 bilhões em ativos de mercados emergentes, afirma que o ciclo de calotes e rebaixamento de notas de crédito de empresas de países em desenvolvimento atingiu seu pico. Isso pode ajudar a impulsionar uma recuperação dos fluxos para carteiras de dívida soberana e corporativa da categoria.
“É quase como se você estivesse entrando em um mercado depois de um crash”, disse Hyland em entrevista. “Qualquer coisa que realisticamente pudesse entrar em default entrou em default. E tudo o que seria rebaixado já foi rebaixado.”
Nas economias desenvolvidas, por outro lado, o ciclo está de 12 a 18 meses atrasado, acrescentou. O Emerging Markets Short Duration Fund administrado por Hyland, com US$ 880 milhões, superou nove entre 10 pares nos últimos cinco anos.
Os fundos globais de dívida de mercados emergentes registaram saídas de US$ 8,3 bilhões este ano, segundo dados da EPFR compilados pelo JPMorgan. No ano passado, o fluxo negativo foi de US$ 34 bilhões.
Até agora, as empresas de mercados emergentes deixaram de pagar US$ 8,2 bilhões em dívidas em 2024, ante US$ 15 bilhões durante o mesmo período em 2023, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
O total de dívida corporativa internacional de emergentes deve diminuir este ano, especialmente na Ásia, onde os juros são relativamente baixos, com empresas preferindo fontes de financiamento local, em meio a juros elevados nos EUA e Europa.
“Temos visto uma tendência descendente em que o financiamento onshore substituiu em grande parte o financiamento offshore”, disse Hyland, que tem 20 anos de experiência em crédito corporativo e também gere a estratégia de crédito asiática da Muzinich.
Na América Latina, a diminuição da oferta global de títulos denominados em dólar ou euro pode ser impulsionada por uma melhor liquidez no sistema bancário e pelos preços elevados das matérias-primas, o que reduz a necessidade de financiamento externo, disse ele.
Hyland também vê oportunidades atraentes em dívida soberana de países como Colômbia, Brasil, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, que exportam commodities mas não comercializam muito com a Rússia e a Ucrânia.
A gestora até recentemente vinha aumentando sua exposição à Índia, mas reverteu o movimento devido aos valuations “sólidos” na China. “Se há uma área no mundo onde ainda podemos encontrar um bom valor no crédito, é na China”, disse Hyland.
Veja também
- Investimento chinês no Brasil em 2023 foi o segundo menor em 15 anos
- Ibovespa tem maior série de quedas desde agosto – e semelhanças não param por aí
- Gringos talvez não estejam tão pessimistas com o Ibovespa quanto parece
- No acumulado do ano até agora, Ibovespa tem 2º pior retorno em ranking de índices de 28 países
- Extinção de visto para estrangeiros não aumentou visitas no país