Economia
Dívida pública chega a marca recorde de 90% do PIB em fevereiro
Alta da dívida bruta foi puxada mais uma vez por déficit nas contas públicas e alta do dólar.
A dívida pública bruta do setor público brasileiro atingiu o patamar recorde de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) em fevereiro, impulsionada mais uma vez pelo crescimento da colocação de títulos em mercado pelo Tesouro para cobrir o déficit das contas públicas e também pelo aumento do valor, em reais, do estoque da dívida externa como resultado da desvalorização cambial.
O nível da dívida bruta, indicador fiscal acompanhado mais de perto por analistas, é o maior da série do Banco Central, iniciada em 2006, mostraram dados divulgados nesta quarta-feira pela autoridade monetária, e se compara a uma dívida de 89,4% em janeiro.
No mês passado, o setor público voltou a registrar déficit na sua conta primária – que não inclui receitas e despesas com juros -, após um superávit recorde em janeiro, mês em que tradicionalmente o saldo é positivo.
O déficit primário foi de R$ 11,7 bilhões, bem abaixo do rombo registrado em fevereiro do ano passado (R$ 20,9 bilhões) e também inferior ao projetado por analistas em pesquisa da Reuters (R$ 23,950 bilhões).
Dados do Ministério da Economia mostraram que as receitas da União cresceram em fevereiro acima das despesas, alavancadas pela recuperação da economia e por arrecadações extraordinárias.
A perspectiva para as contas, no entanto, segue envolta em incertezas, diante do aumento de medidas de fechamento da economia em meio ao agravamento da pandemia no país, da crescente demanda por despesas para o enfrentamento da crise e do imbróglio em torno do Orçamento de 2021, que ainda não foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro.
No acumulado em 12 meses, o rombo primário equivale a 9,23% do PIB, recuo em relação ao indicador de janeiro, que estava em 9,39% do PIB.
Já as despesas com juros seguiram em alta em fevereiro, totalizando R$ 29,2 bilhões de reais, aumento de R$ 700 milhões sobre fevereiro do ano passado, sob o impacto da aceleração da inflação – que corrige parcela da dívida em títulos – e do crescimento do próprio estoque da dívida.
A dívida mobiliária (em títulos) em mercado do governo geral aumentou em R$ 116 bilhões em fevereiro sobre janeiro, para R$ 4,494 trilhões, contribuindo para o aumento da dívida bruta total. Já o estoque da dívida externa teve alta de quase R$ 30 bilhões de com a desvalorização cambial, a R$ 858,4 bilhões.