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Dólar fecha abaixo dos R$ 6 após 42 dias

Dólar em queda; desvalorização; Dólar cai

O dólar fechou a quarta-feira (22) em queda firme ante o dólar, abaixo dos R$ 6,00 pela primeira vez desde 12 de dezembro do ano passado, com o mercado eliminando prêmios de risco das cotações e acionando ordens de stop loss (parada de perdas), em meio à percepção de que o novo governo dos EUA será moderado na adoção de tarifas sobre produtos estrangeiros.

O dólar à vista fechou em queda de 1,41%, aos R$ 5,9463 — a menor cotação desde 27 de novembro de 2024, quando encerrou em R$ 5,9141. A última vez em que a moeda ficou abaixo de R$ 6,00 foi 11 de dezembro. Foi a primeira vez em que o dólar ficou acima desse patamar por mais de um mês consecutivo.

Em janeiro, o dólar acumula queda de 3,77%.

Como foi o pregão

O dólar engatou baixas ante o real já no início da sessão, com investidores se apegando às notícias de que o governo de Donald Trump deixou o anúncio de novas tarifas de importação para o mês que vem. O presidente dos EUA ameaçou a China com uma taxa de 10% e o México e o Canadá com uma tarifa de 25%.

A perspectiva de tarifas não tão altas favorece a leitura de que a inflação norte-americana pode não ser tão pressionada, o que permitiria ao Federal Reserve adotar taxas de juros menos elevadas no futuro. O resultado seria um dólar mais fraco ante moedas de emergentes e exportadores de commodities, como o real.

“Após os primeiros dias do novo mandato Trump nos Estados Unidos, o mercado passou a se sentir mais confortável em assumir que a retórica do presidente será mais firme do que suas atitudes”, disse Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad, em comentário enviado a clientes.

“Com alguma demora em apresentar medidas concretas relacionadas a parte das promessas de campanha, os ativos de risco passaram a precificar um cenário mais benigno.”

No Brasil, isso se traduziu na baixa das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) e na queda do dólar, o que representa um ponto técnico e psicológico importante, que vinha sustentando as cotações.

Mercado futuro

Um operador ouvido pela Reuters pontuou que o dólar para fevereiro — o mais negociado e, no limite, o que conduz as cotações no segmento à vista — viu ordens de stop serem disparadas ao atingir os R$ 5,5990 e, depois disso, os R$ 5,5945.

Nestes pontos técnicos, investidores comprados (posicionados na alta das cotações) fecharam algumas posições, amplificando a queda da moeda no mercado futuro e, consequentemente, no segmento à vista.

Assim, após marcar a cotação máxima de R$ 6,0213 (-0,17%) às 9h22, ainda no início da sessão, o dólar à vista atingiu a mínima de R$ 5,9163 (-1,91%) às 13h53.

Expectativa doméstica

Profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram, no entanto, que a manutenção do dólar abaixo dos R$ 6,00 reais no curto prazo dependerá não apenas do noticiário externo, mas também da capacidade de o governo Lula convencer o mercado de que o ajuste fiscal é viável.

“Na agenda do governo estão medidas adicionais de contenção de gastos, mas há também a reforma do Imposto de Renda — que é uma discussão meritória, mas da forma em que foi colocada criou aversão ao tema”, pontuou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Em entrevista a uma rádio pela manhã, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que o governo está fazendo o balanço das alterações nas medidas de contenção de gastos aprovadas pelo Congresso no fim do ano passado. Segundo ele, novos projetos serão apresentados se for necessário.

Também pela manhã o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 3,804 bilhões em janeiro até o dia 17, resultado de saídas líquidas de US$ 2,127 bilhões pelo canal financeiro e saldo negativo de US$ 1,677 bilhão pelo canal comercial.

Apenas na semana passada, de 13 a 17 de janeiro, houve entradas líquidas totais de US$ 806 milhões — uma inversão do que foi visto na semana anterior, quando saíram líquidos do país US$ 1,104 bilhão.

Às 17h14, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — teve variação de -0,01%, a 108,130.

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