Economia
Dólar fecha no maior valor em mais de 3 anos com incertezas sobre corte de gastos do governo
Haddad desconversou sobre possibilidade de corte de despesas entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões
O real estendeu as perdas frente ao dólar depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se recusou a confirmar o tamanho do corte de gastos que o governo está considerando. Nesta terça-feira, a moeda americana subiu 0,92%, a R$ 5,761, no maior valor desde março de 2021.
O governo Lula está atualmente elaborando uma série de medidas destinadas a reduzir gastos em meio a crescentes temores dos investidores sobre o tamanho dos déficits fiscais do Brasil.
O presidente, no entanto, quer mais informações sobre as propostas elaboradas pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, e o presidente decidirá em última instância o tamanho do pacote e quando será anunciado, disse Haddad a repórteres nesta terça-feira em Brasília.
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Mais cedo, o jornal O Globo informou que o governo estava avaliando cortes entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões (US$ 8,7 bilhões), mas Haddad disse que nenhuma decisão havia sido tomada.
O real continuou sua queda em um dia em que as moedas latino-americanas enfraqueceram de forma generalizada, já que os comentários de Haddad aumentaram a incerteza sobre o tamanho e o momento dos cortes de gastos. As ações brasileiras atingiram mínimas do dia e as taxas de juros futuros subiram em toda a curva.
Investidores têm aguardado apreensivamente notícias sobre as reduções de gastos desde que a ministra do Planejamento, Simone Tebet, prometeu no início do mês que o governo revelaria “o máximo de medidas possível” após as eleições municipais que ocorreram no último domingo (27).
Temores fiscais têm pesado sobre os ativos brasileiros durante todo o ano, tornando o real uma das moedas principais com pior desempenho no mundo.
Haddad se reuniu com Lula na segunda-feira (28) para discutir os planos, alimentando ainda mais as expectativas de que um anúncio possa ser iminente. Tanto Tebet quanto Haddad enfatizaram que os cortes precisam da aprovação de Lula, que anteriormente expressou ceticismo sobre a necessidade de reduzir gastos.
“O atraso na publicação do plano de corte de gastos dá espaço para o mercado desconfiar da real intenção do governo”, disse Paulo Nepomuceno, operador da mesa de derivativos da Mirae Asset.
A equipe econômica está considerando medidas que limitariam o crescimento de alguns programas sociais para que permaneçam sob as regras do chamado arcabouço fiscal do país, segundo pessoas com conhecimento do assunto. Isso limitaria o crescimento desses programas a 2,5% acima da inflação por ano, de acordo com as regras fiscais.
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