Economia
Dólar encerra em queda, mas não impede a alta de 1,12% na semana
Mais cedo, moeda americana chegou a operar em queda ante o real
O dólar encerrou a sexta-feira em queda de 0,38% frente ao real, negociado a R$ 5,4431, um dia depois de atingir seu maior valor de fechamento em quase dois anos, mas o recuo não impediu que a divisa norte-americana tivesse a quinta semana consecutiva de elevação ante o real.
As cotações refletiram o desconforto dos investidores com o cenário fiscal e com declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Banco Central.
Na semana, a moeda voltou a acumular alta, de 1,12%. Em 2024, o dólar já acumula elevação de 12,15%.
Vai e vem
A moeda norte-americana abriu a sexta-feira em queda, com investidores ajustando posições e realizando lucros após os avanços recentes, em um dia de agenda relativamente esvaziada no Brasil e no exterior.
No início da tarde, porém, o dólar zerou as perdas, em movimento semelhante ao visto na véspera, quando a moeda chegou a cair quase 1% no início da sessão, refletindo a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre a taxa Selic, mas recuperou força durante a sessão.
LEIA MAIS: Copom: voto unânime na Selic em 10,5% pode embaralhar sucessão do BC
Por trás do fortalecimento do dólar nesta sexta-feira estava novamente a desconfiança do mercado em relação ao ajuste fiscal e o mal-estar com declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
“A questão fiscal ainda não foi resolvida. E o dólar é o grande termômetro do sentimento de aversão a risco. Por isso o dólar se ajusta a conta-gotas”, disse Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, ao justificar o fato de a moeda não ter passado por ajustes de baixa mais consistentes após a reunião de quarta-feira do Copom.
Na ocasião, o colegiado votou de forma unânime pela manutenção da Selic em 10,50% ao ano, como demandava o mercado. A curva de juros brasileira reagiu positivamente, com redução de prêmios, mas o dólar tem demonstrado dificuldades para ceder ante o real.
“O ajuste maior do dólar pode ocorrer quando houver um encaminhamento maior da questão fiscal, com algum corte de gastos efetivo”, acrescentou Quaresma.
Às 12h28 o dólar à vista atingiu a cotação máxima, após Lula ter voltado a criticar, durante entrevista pela manhã, o fato de a Selic estar em 10,50% ao ano “sem nenhuma explicação e sem nenhum critério”, em suas palavras.
À tarde, Lula disse em outra entrevista que o “nervosismo especulativo” em relação ao dólar não vai afetar a economia brasileira.
Ibovespa
O Ibovespa fechou em alta de 0,74%, aos 121.341,13 pontos, confirmando o primeiro ganho semanal desde meados de maio, com Localiza entre os destaques positivos, assim como Sabesp, na iminência da oferta de ações que privatizará a companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo.
O indicador oscilou de 120.061,04 pontos na mínima a 121.580,05 pontos na máxima, acumulando na semana ganho de 1,4%. O volume financeiro somou R$ 30,3 bilhões.
Para o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, o Ibovespa descolou de Nova York nesta sessão, em movimento técnico de vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista. Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em queda de 0,16%.
Apesar da alta no acumulado da semana, Chinchila considerou que a semana foi “um pouco mais travada”, com investidores ainda “bem cautelosos com as questões fiscais, troca de presidente do Banco Central e incômodo com alta do dólar que pode pressionar inflação à frente”.
Na próxima semana, uns dos destaques da agenda local será a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) encerrada na última quarta-feira, em que a Selic foi mantida em 10,50% ao ano, em votação unânime do colegiado. Também em foco estarão o IPCA-15 de junho e o Relatório de Inflação do BC.
Destaques
– LOCALIZA ON valorizou-se 5,22%, tendo de pano de fundo relatório do Bank of America com analistas afirmando que as vantagens competitivas e a forte cultura da empresa permanecem. Eles acrescentaram que esperam uma rápida recuperação do retorno sobre o capital investido (ROIC) de volta aos níveis históricos, especialmente quando os preços dos automóveis pararem de cair.
– SABESP ON subiu 3,87%, diante do lançamento iminente da oferta de ações que privatizará a companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo. A empresa de saneamento Aegea e a Equatorial Energia estão entre os investidores interessados na operação, que terá uma primeira etapa para potenciais acionistas de referência apresentarem suas propostas. A expectativa é de que o anúncio ocorra nesta sexta.
– ISA CTEEP PN avançou 3,89% tendo no radar decreto que vai regular os novos contratos de distribuidoras de energia elétrica. O índice das empresas de energia elétrica na B3 fechou em alta de 1,27%. ENERGISA UNIT ganhou 2,06% também reagindo a dados mostrando que o consumo consolidado de energia elétrica, cativo e livre nas áreas de concessão do grupo cresceu 12,4% em maio ano a ano.
– ZAMP ON, que não está no Ibovespa, disparou 12,8%, após o conselho de administração da operadora das redes de fast food Burger King e Popeye’s no Brasil eleger Paulo Sergio de Camargo como novo presidente-executivo da companhia em substituição a Ariel Grunkraut. Camargo, que liderou a divisão brasileira da Arcos Dourados, operadora da rede de fast food McDonald’s, tomará posse no dia 28 de junho.
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