Economia

Alta do dólar perde tração; bolsas americanas sobem com Trump; Ibovespa cai

Bolsa opera na contramão de NY; moeda americana chega a R$ 5,86, mas cede terreno

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Donald Trump durante evento de campanha no Estado norte-americano de Michigan 01/11/2024 REUTERS/Brian Snyder

A eleição de Trump colocou o dólar “rumo ao hexa”, ou seja, aos R$ 6, no início da manhã. A moeda americana amanheceu em alta de 2%, chegando a 5,86. Depois arrefeceu. Às 11h20 desta quarta-feira (6), a alta já tinha freado para 0,36%, com a moeda a R$ 5,77.

A reação imediata do câmbio foi global. Logo que veio a conformação do resultado, o índice DXY subia ao norte de 1,5% – ele compara o dólar ao euro, à libra, ao iene e a outras três moedas de países desenvolvidos (mais sobre as notas verdes adiante). 

As bolsas também amanheceram pegando fogo. Os contratos futuros do S&P 500, que servem de termômetro para os humores do dia, subiam 2,3% – um abuso para essa classe de ativo, que raramente oscila além de 1 ponto percentual para cima ou para baixo. 

Às 11h20, o índice subia ainda firmes 1,23%. Já o Ibovespa ia na contramão, em queda de 0,86%.

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Destaque para a Tesla, que entrou em modo foguete nesta manhã: alta de 14% para as ações da montadora de Elon Musk, fiel aliado de Trump. 

Claro: tudo isso acontece por conta da expectativa de cortes de impostos corporativos, uma bandeira do republicano.

O outro lado dessa moeda é o comportamento dos títulos públicos dos EUA – e isso nos traz de volta ao dólar.

Os treasuries com vencimento em 10 anos responderam à vitória de Trump com uma alta de 0,18 ponto percentual, que elevou o rendimento desses papéis para 4,46%.

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Significa o seguinte: a eleição de Trump também traz um temor sobre a questão fiscal dos EUA. O país está gravemente endividado, com a relação dívida PIB no pior patamar desde 1946 (120%). O republicano, porém, acena com mais gastos públicos para fazer sua América “great again” – ao mesmo tempo em que a arrecadação tende a diminuir com cortes de impostos. 

Ou seja: não há sinal de reequilíbrio para as contas públicas. Quando isso acontece, aumenta a expectativa de que o país terá de lançar títulos públicos a juros mais altos para rolar sua dívida. Nisso, os títulos que já estão no mercado se adequam e passam a remunerar mais. O ativo se torna mais atraente – dentro e fora dos EUA.

Como você precisa de dólares para comprar títulos americanos, a moeda americana sobe no mundo todo; como está acontecendo.

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Péssimo para o Brasil. Dólar alto bomba a inflação, já que precisamos de insumos cotados em dólar para produzir itens essenciais (de aço para as construtoras a pão para os estômagos). Os preços por aqui sobem, o que força o BC a seguir com as altas na Selic para combatê-los. E o resultado é um  círculo vicioso, já que juros altos inibem a produção; e produção em baixa retroalimenta a inflação. 

A sorte está lançada.   

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