Economia

Educação faz inflação subir o dobro em fevereiro, mas mostra bom momento do setor

Reajuste das mensalidades escolares reforça recuperação das empresas pós-pandemia.

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A inflação deve ficar salgada em fevereiro, influenciada pelos gastos com educação. É o que aponta a prévia do índice oficial de preços ao consumidor. Segundo o Instutito Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 ganhou força e subiu 0,78% neste mês, ante alta de 0,31% em janeiro. Os números confirmam que quem tem filhos em escola já sente no bolso desde o início do ano letivo.

A aceleração do IPCA-15 foi impulsionada pela alta de 5,07% do grupo Educação, com impacto de 0,30 ponto porcentual (pp) no resultado geral do indicador. Neste grupo, a maior contribuição veio dos cursos regulares, com o aumento de 6,13% nas mensalidades escolares sendo responsável por 0,27 pp do índice. 

Conforme o IBGE, dentro deste item, as maiores contribuições positivas vieram do ensino médio (+8,58%), do ensino fundamental (+8,23%), da pré-escola (+8,14%) e da creche (+5,91%). Os cursos de ensino superior e de pós-graduação também tiveram altas, de 3,74% e 2,81%, nesta ordem. 

Apesar do impacto sazonal do grupo Educação no IPCA-15 deste mês, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, explica que os números do indicador em fevereiro são a leitura mais importante do ano, uma vez que a pressão vinda das mensalidades escolares deve se espalhar para os preços de serviços em geral. 

“A grande variação dos reajustes em cursos regulares e diversos serve de pulso do ano, o que significa que o comportamento dos serviços como um todo será afetado pelo IPCA-15 de fevereiro”

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos

Vale lembrar que a variação desse grupo deve se repetir na leitura do dado fechado, medida pelo IPCA. “Considerando-se que a alta desses itens se repetem entre o IPCA-15 e o IPCA fechado, a inflação oficial em fevereiro deve ser de 0,84%”, prevê a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo. Em janeiro, o IPCA subiu 0,42%.

Ainda assim, especialistas destacam que o IPCA-15 trouxe algumas surpresas baixistas. É o caso da alimentação no domicílio, que desacelerou a alta para 1,16% em fevereiro, e das passagens aéreas, cujos preços recuaram 10,65%, proporcionando alívio de 0,10 pp no resultado geral do IPCA-15.

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“A surpresa baixista dos preços da alimentação no domicílio foi bem-vinda e foi uma boa notícia. Já a inflação de serviços como um todo ficou até baixa para o padrão do período, mas quando excluímos passagens aéreas, o número fica mais em linha com o padrão histórico do período”, comenta Rafael Costa, analista de estratégia macro da BGC Liquidez.

Educação desponta

Apesar do impacto da alta dos preços com educação ser sentido por pais e responsáveis desde o momento da matrícula, o que, ao mesmo tempo, também tende a dificultar o trabalho do Banco Central em reduzir a taxa básica de juros, as empresas educacionais não escondem o bom momento.

“Em 2024, esperamos que as empresas de educação repitam o forte desempenho de 2023, consolidando o processo de recuperação pelo qual o setor está passando, com volumes, preços e, consequentemente, margens mantendo a tendência positiva”

Rafael Barros e Raphael Elage, analistas da XP Inc., em relatório

Os analistas da XP lembram que o setor de educação passou por um período muito difícil ao longo e logo após a pandemia da covid-19. “O maior impacto foi no segmento presencial, com a diminuição da procura de novas matrículas e o aumento das taxas de evasão pressionando as bases de alunos”, afirmam, em relatório.

Porém, desde o ano passado, o processo de retomada do setor foi ganhando força. “Apesar de ter sido mais lento e gradual do que o esperado, o processo deu confiança de que a recuperação do setor estava em curso”, emendam Barros e Elage, da XP. Tanto que cerca de 60% dos colégios aumentaram o valor da mensalidade em 2023 acima de 10%. 

Para se ter uma ideia, em fevereiro de 2023, o IPCA-15 teve alta de 0,76%, acima do resultado de janeiro daquele ano (0,55%), com o grupo Educação exercendo o maior impacto, na época, de 6,41% e respondendo, sozinho, por 0,36 pp do indicador. Ainda na ocasião, a maior contribuição também viera dos cursos regulares (7,64%).

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