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Em reunião de 45 minutos, Lula e Trump ensaiam fim da disputa tarifária

Durante o encontro na cúpula da Asean, Lula pediu a suspensão das tarifas e Trump acenou com “bons negócios”

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Brasil e Estados Unidos iniciaram neste domingo (26) um processo de negociação para tentar encerrar as tarifas comerciais impostas por Washington a produtos brasileiros. O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano, Donald Trump, ocorreu em Kuala Lumpur, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), e marcou a primeira reunião oficial entre os dois desde o início da atual crise diplomática.

Segundo o chanceler Mauro Vieira, a conversa, que durou cerca de 45 minutos, foi “muito positiva e produtiva”. Lula pediu que as tarifas sejam suspensas durante as negociações, enquanto Trump afirmou acreditar que os dois países poderão chegar a “bons acordos” em breve.

Lula pubicou sobre o encontro com Trump em suas redes socias. “Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, escreveu.

O líder norte-americano disse que os secretários do Tesouro, Scott Bessent, e o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, conduzirão as tratativas com o Brasil e previu uma “conclusão rápida” das discussões. Já Lula declarou estar otimista e afirmou que não há “razão para qualquer desavença” entre os dois países.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião com presidente dos EUA, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia 26/10/2025 REUTERS/Evelyn Hockstein

O encontro simboliza a retomada de um diálogo de alto nível após meses de tensão. As relações haviam se deteriorado desde que Trump impôs tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras de café e carne, além de sanções e restrições de visto a autoridades. O gesto também vem depois de uma breve aproximação entre os líderes na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, que abriu caminho para a retomada das conversas.

Nos bastidores, o governo brasileiro tenta aproveitar o momento para discutir não apenas as barreiras comerciais, mas também temas mais amplos, como regulação de redes sociais de empresas americanas, políticas para o etanol e oportunidades ligadas a minerais críticos — área em que o Brasil, que tem a segunda maior reserva de terras-raras do mundo, vê espaço para estreitar parcerias estratégicas com os Estados Unidos.

Lula ainda se ofereceu para atuar como interlocutor nas relações com a Venezuela. Nos últimos meses, os Estados Unidos derrubaram diversas embarcações que, segundo o governo americano, transportavam drogas a partir da Venezuela, o que gerou especulações de que o país possa estar se preparando para atacar o território venezuelano. Embora o Brasil tenha evitado qualquer envolvimento direto, Lula já havia dito a Trump, em uma ligação anterior, que um conflito militar na América do Sul seria devastador para a região.

*Com informações de Reuters e Bloomberg

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