Economia
Fed eleva juros para a faixa de 5,25% a 5,5%, sem descartar novos aumentos
Elevação de 0,25 ponto percentual é a 11ª em 12 reuniões, e já era esperada pelo mercado.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (26) que decidiu elevar a sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 5,25% a 5,5%, nível mais alto desde a crise financeira e recessão de 2007 a 2009. O aumento é o 11º das 12 últimas reuniões e veio de acordo com a expectativa da maior parte do mercado.
Em comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), justificou que ainda está empenhado em retornar a inflação ao seu objetivo de 2%.
“Ao avaliar a orientação apropriada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surgissem riscos que pudessem impedir o alcance de suas metas.”
COMUNICADO DO FOMC.
O comunicado também diz que os indicadores recentes sugerem que “a atividade econômica vem crescendo em ritmo moderado”. Na visão do FOMC, os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa, o que manteve a inflação elevada.
Os membros do FOMC apontaram ainda que veem o sistema bancário dos Estados Unidos como “sólido e resiliente”, portanto “condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação”.
Por outro lado, o comunicado acrescenta que, ao determinar a extensão do endurecimento da política monetária, ainda leva em conta os efeitos que a decisão provoca no crescimento da atividade econômica e financeira.
“O Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, as defasagens com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e a evolução econômica e financeira.”
COMUNICADO DO FOMC.
“Além disso, o Comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e dívidas de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, conforme descrito em seus planos anunciados anteriormente”, acrescenta o texto.
Discurso do presidente do Fed
O chair do Fed, Jerome Powell, disse em coletiva de imprensa que é possível que o banco central norte-americano siga a alta dos juros com outra elevação da taxa na reunião de política monetária agendada para setembro.
“É certamente possível que elevemos a taxa de juros na reunião de setembro se os dados justificarem, e eu também diria que é possível que decidamos nos manter estáveis nessa reunião” se for isso que os dados pedem, disse Powell. Ele observou que o Fed tomará decisões sobre a política monetária reunião a reunião.
Repercussão
Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, diz que o comunicado deixa a porta aberta para outras decisões de elevação de juros, pois utiliza a “mesma linguagem da decisão passada, no que se refere que continuará analisando os indicadores econômicos”.
“É importante notar que o framework é idêntico ao da última decisão: houve apenas 10 palavras e expressões diferentes nesse comunicado. A única diferença é um pequeno upgrade no cenário, mudando a qualificação do crescimento de ‘modesto’ para ‘moderado'”.
Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos.
Gustavo Zuquim, gestor de investimentos do Andbank nos EUA, comenta que “o aumento não trouxe surpresas e já era precificado pelo mercado. Sem grandes impactos na renda variável e fixa após a decisão”.
Do mesmo modo, Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, menciona que a decisão do FOMC veio de acordo com a expectativa do mercado. Ele ainda destaca que o comunicado deixou aberto que os “próximos movimentos de política monetária dependerão da evolução dos dados econômicos, particularmente com relação à inflação, atividade econômica e expectativas”.
“A desaceleração recente da inflação ao consumidor, que ficou perto de 3% em junho, turbinou as apostas de que esta seria a última elevação deste ciclo”, aponta o economista, dizendo que, por outro lado, muitos analistas ainda mantêm a visão de que novos aumentos serão necessários, uma vez que “o núcleo da inflação permanece resistente e o mercado de trabalho mostra-se resiliente”.
Ele ainda diz que, na hipótese de novas altas da taxa de juros, surge o questionamento sobre se haverá mais um ou dois aumentos e, se for o segundo caso, se o FOMC pulará a reunião de setembro (como fez em junho) e encerrará o processo com uma última elevação em novembro.
“A possibilidade dos juros começarem a cair ainda este ano parece ter perdido força após o comunicado.”
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
Patamares da inflação norte-americana
A decisão vem em meio a desaceleração da inflação. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 3%, contra 9,1% do mesmo mês do ano anterior, segundo dados do Trading Economics. Por outro lado, apesar da queda da inflação nos Estados Unidos, o indicador ainda não chegou à meta de 2% estipulada pelo Fed.
Já o núcleo de inflação, que desconsidera distúrbios resultantes de choques temporários, está em 4,8% no acumulado de 12 meses até junho, também segundo dados do Trading Economics.
*Com informações da Reuters.
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