Economia
Fitch diz que setor do varejo deve ser um dos mais desafiadores em 2023
Agência projeta fluxo de caixa negativo para varejistas brasileiras e diz que caso da Americanas traz desconforto para o investidor. Apenas 5% das empresas devem ser rebaixadas.
A agência de classificação de risco Fitch Ratings disse nesta terça-feira (24) que as empresas brasileiras varejistas devem enfrentar os maiores desafios econômicos em 2023.
“Entre os setores mais expostos a esse cenário desafiador a gente pode destacar o setor de varejo. O setor teve um desempenho inferior ao longo do segundo semestre do ano passado e a gente espera para esse ano uma melhora moderada das margens, uma menor pressão de capital de giro e também uma maior disciplina em relação aos investimentos.”
Para a agência, com o cenário mais adverso, a capacidade de ajustar os investimentos e os custos vai ser chave para a preservação do perfil de crédito das empresas.
“A Fitch projeta para esse ano que a maioria das varejistas brasileiras ela reportará fluxo de caixa livre negativo e ainda que um elevado grau de incertezas, dado um ambiente de negócios, o nosso cenário base prevê uma melhora do fluxo de caixa das operações como um todo, seguindo o repasse parcial do aumento dos custos dos preços e a redução dos estoques elevados.”
Americanas
A Fitch diz que a descoberta do rombo bilionário da Americanas (AMER3), estimado em R$ 43 bilhões, seguido do pedido de recuperação judicial, pode trazer algum desconforto para o investidor em assumir operações de crédito ou elevar o custo da captação de algumas empresas. No entanto, a situação não deve se sustentar a longo prazo, principalmente em relação aos principais players do setor.
“Sobre a Americanas, a disponibilidade de crédito do setor deve ser monitorada no curto prazo, uma vez que todos esses recentes acontecimentos podem afetar a confiança dos investidores para o setor”, afirmou a Diretora Sênior Corporativa Fernanda Rezende.
Outros setores
O impacto negativo também se estende para outras áreas além do varejo. O setor de aço e cimento, que é pressionado pelo consumo e demanda, já que a taxa de juros e o endividamento afetam o setor imobiliário e de construção.
“Mas dependendo das políticas do novo governo e maior incentivo a projetos de infraestrutura pode alterar a perspectiva do setor”, diz a agência.
Um outro setor que deve ter desafios elevados é a área de saúde, que deve ter um retorno mais lento ao nível pré-pandemia de covid-19 do que o inicialmente esperado. A demanda deve permanecer aquecida, no entanto, a negociação de preços entre os prestadores de serviço e as operadoras de saúde continua pressionado, tendo reflexo no capital de giro das empresas, além de limitar avanço na rentabilidade.
Já empresas na área da educação podem ser beneficiadas pelo novo governo com o retorno do programa Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Rebaixamento
Para a Fitch, apenas 5% das empresas brasileiras devem ter suas notas rebaixadas ao longo de 2023. A agência diz que, em sua maioria, os emissores brasileiros com cobertura da Fitch estão bem posicionados para enfrentar as incertezas e volatilidade esperada para esse ano.
“Eventos de downgrade podem ocorrer, mas em magnitude baixa e moderada, especialmente nos emissores com níveis de alavancagem já elevadas ao longo do ano passado com maiores desafios para redução da alavancagem ao longo de 2023. O cenário base da Fitch indica que apenas 5% das empresas brasileiras do nosso portfólio receberão os gatilhos de alavancagem de rebaixamento ao longo do ano.”
O Real deve permanecer como uma das moedas da América latina mais voláteis devido às incertezas das políticas fiscais do novo governo e aumento das taxas de juros tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
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