Economia

Haddad diz esperar que Selic caia ‘no mínimo’ para 12% até fim do ano

Ministro disse ainda que é factível zerar o déficit das contas públicas em 2024.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (26) esperar que a taxa básica de juros caia “no mínimo” para 12% até o final do ano, dizendo que dificilmente a Selic poderá fechar 2023 abaixo de dois dígitos, mas que ainda assim o governo estuda todas as opções para derrubar os juros.

“Dificilmente (a Selic fechará 2023 abaixo de dois dígitos), porque estamos começando o ciclo de corte no segundo semestre… Espero que fique no mínimo (em 12%)”, disse Haddad em entrevista ao Metrópoles transmitida ao vivo pelo portal.

Questionado sobre a probabilidade de corte na Selic na próxima reunião do Copom — em 1 e 2 de agosto — projetada pelo mercado, o ministro afirmou que, se o Banco Central (BC) mantiver a taxa básica no patamar atual, de 13,75% ao ano, vai “surpreender o mundo, não só o Brasil”.

“As projeções (para a inflação) de final de ano estão em menos de 5%, quando, no começo do ano, estavam todas acima de 6%. Caiu mais de 1 ponto percentual… ou seja, você vai manter os juros na casa de 10% em termos reais?”, disse Haddad.

“Às vezes fica parecendo uma coisa pessoal — ‘o Haddad quer’ –, mas não é isso. Estou falando de dados objetivos, não trabalho com outra coisa”.

Haddad citou uma estimativa de que 70% do mercado precifica uma queda de 0,50 ponto percentual na taxa básica na próxima reunião do Copom, e afirmou que a Fazenda analisa todas as possibilidades para levar a uma redução da Selic.

No início da tarde desta quarta-feira, as taxas dos contratos futuros de juros precificavam 68% de chances de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortar a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual na próxima semana. A probabilidade para corte de 0,25 ponto estava precificada em 32%.

Questionado se a presença de seu ex-secretário-executivo Gabriel Galípolo na diretoria do BC representaria uma voz do governo no Copom que poderia ajudar na queda dos juros, Haddad reiterou que a indicação não tinha como objetivo a formação de uma bancada, mas sim melhorar a interação entre a autarquia e a pasta.

Haddad também voltou a mencionar a autonomia da autarquia e a relação entre as políticas fiscal e monetária.

Apesar da pressão de setores do governo que defendem que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, seja convocado para prestar contas ao Congresso Nacional ou até mesmo deixe o cargo, Haddad disse que a permanência dele no cargo até o fim do mandato é “questão de foro íntimo”.

Orçamento equilibrado

Segundo Haddad, é factível zerar o déficit das contas públicas em 2024, e o Tesouro Nacional ainda trabalha com a projeção máxima de um déficit de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

Como medidas para alcançar essa meta, ele citou uma série de ações da Fazenda que têm como objetivo a recomposição da base fiscal, que, na sua visão, tem sido degradada ao longo dos anos.

“Eu disse que ia fazer uma revisão dos incentivos fiscais, alguns até espúrios para recompor essa base e entregar, em 2024, um orçamento equilibrado. Falei dos fundos fechados, das off-shores, dos juros sobre capital próprio, subvenção de custeio, falei muito do Carf, que são medidas saneadoras do Orçamento, disse.

“Então a peça que vai 31 de agosto vai acompanhada desse conjunto complementar de medidas… Agora, a última palavra é do Congresso”, acrescentou.

O ministro explicou que a tributação sobre rendimentos de fundos exclusivos de investimento, uma das medidas para ampliar o Orçamento, recairia somente sobre 2,4 mil fundos que envolvem um patrimônio de R$ 800 bilhões, que ele descreveu como “contas paradisíacas”.

Sobre as ações presentes na transição ecológica conduzida pela pasta, Haddad disse que envolvem mais de 100 medidas, como a regulação de créditos de carbono e a transição ecológica do setor automático, que já foram apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que serão enviadas para avaliação da Casa Civil.

“Na semana que vem, vamos avançar um pouco mais na Casa Civil e eu quero crer que o presidente em algum momento, entre agosto e setembro, cobre da gente uma amarração final para que esse plano seja lançado”, disse.

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