Economia

IPCA desacelera, mas corte dos juros não será imediato, dizem especialistas

IPCA de maio ficou em 0,23%, com influência no preço dos alimentos, diz IBGE.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,23% em maio, de acordo com divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (7). O resultado ficou abaixo do esperado pelo mercado, reforçando a expectativa de corte de juros. Especialistas, no entanto, afirmam que esse movimento não deve ser imediato.

O índice, que mede a inflação oficial do país, desacelerou 0,38 ponto percentual em relação ao mês de abril, quando registrou 0,61%. O resultado teve influência do preços dos alimentos que desacelerou em maio.

Em 2023, a alta acumulada do IPCA é de 2,95%. Nos últimos 12 meses, o índice é de 3,94%. Já em maio de 2022, a variação da inflação havia sido de 0,47%.

Andre Fernandes, head de renda variável da A7 Capital, diz que o cenário é favorável para o corte de juros, “algo que já vem sendo precificado na curva de juros”, mas não será de imediato e dependerá de fatores como a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre os juros nos Estados Unidos.

“Acredito que o corte de juros por parte do Banco Central se dará entre agosto e setembro, desde que o FED pare de subir os juros nessa reunião de junho”

Andre Fernandes, head de renda variável da A7 Capital

O economista Fabrício Silvestre diz que, diante do resultado do IPCA de maio, a expectativa é de uma inflação menor do que a projeção atual do Boletim Focus, que é de 5,69% em 2023, mas ele também avalia que o dado ainda não terá influência sobre a redução imediata da Selic.

“Ainda é cedo, o Banco Central deve esperar o mês de agosto para talvez iniciar o ciclo de queda da taxa de juros, mas o número pode ser lido como um aumento de probabilidade de redução de taxa de juros.”

Flavio Silvestre, economista

O economista André Perfeito também afirma que o Comitê de Política Monetária (Copom) ainda não deve cortar a Selic na reunião de junho, mas ressalta que as atenções estarão voltadas para o tom do próximo comunicado e ata da reunião.

“Espero é ver sinalizações claras na próxima ata que há espaço para algum afrouxamento monetário no segundo semestre e isso já vai ajudar, e muito, o humor empresarial e a retomada da economia”, afirma.

“Enquanto isso o mercado de capitais deve seguir em alta, com a perspectiva mais clara de corte de juros os ativos tendem a se valorizarem por puro e simples Fluxo de Caixa Descontado”, disse Perfeito.

Redução na alimentação e passagens aéreas

Os grupos de Transportes (-0,57%) e de Artigos de residência (-0,23%) foram os únicos a registrarem queda no IPCA.

No grupo de Transportes, os destaques foram os recuos nos preços das passagens aéreas (-17,73%), e dos combustíveis (-1,82%), por conta das quedas do óleo diesel (-5,96%), da gasolina (-1,93%) e do gás veicular (-1,01%).

A desaceleração do índice em maio também foi influenciada pelo resultado do grupo de Alimentação e bebidas, que passou de 0,71% em abril para 0,16% em maio, também influenciou o resultado, segundo André Almeida, analista da pesquisa, disse em nota. “Trata-se do grupo com maior peso no índice, o que acaba influenciando bastante no resultado geral”.

O principal destaque foi na alimentação no domicílio, que passou de 0,73% no mês anterior para uma estabilidade em maio. O grupo registrou queda nos preços das frutas (-3,48%), do óleo de soja (-7,11%) e das carnes (-0,74%). Por outro lado, a alta teve como destaque a inflação do tomate (6,65%), do leite longa vida (2,37%) e do pão francês (1,40%).

Planos de saúde

Os outros seis grupos apresentaram alta nos preços no mês de maio, com maior impacto para Saúde e cuidados pessoais (0,12 p.p.) e a maior variação (0,93%) com destaque para plano de saúde (1,20%) e itens de higiene pessoal (1,13%), com influência para a alta do subitem perfumes (3,56%).

Os produtos farmacêuticos tiveram alta de 0,89% após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos, a partir de 31 de março.

O grupo Habitação teve alta de 0,67%. A maior contribuição (0,05 p.p.) veio da taxa de água e esgoto, com variação de 2,67%, devido a reajustes aplicados em seis áreas de abrangência do índice (Recife, São Paulo, Aracaju, Curitiba, Belém e Goiânia). Já a variação de energia elétrica residencial, de 0,91%, contribuiu com 0,04 p.p, devido aos reajustes aplicados em seis capitais (Salvador, Recife, Fortaleza, Campo Grande, Belo Horizonte e Aracaju).

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