A inflação na Argentina acelerou ligeiramente em fevereiro, apesar da decisão do presidente Javier Milei de desacelerar a depreciação mensal do peso.
Os preços ao consumidor subiram 2,4% em relação a janeiro, mais do que a estimativa mediana de 2,3% dos analistas consultados pela Bloomberg. Já a inflação anual desacelerou para 66,9%, de acordo com dados do governo publicados nesta sexta-feira (14).
Em 1º de fevereiro, o banco central argentino reduziu a desvalorização mensal da moeda de 2% para 1%, uma medida destinada a resfriar os preços domésticos, que têm se mantido entre 2% e 3% ao mês desde outubro. Embora isso aumente a popularidade de Milei internamente, a desaceleração também reduz a competitividade da moeda no exterior, enquanto amplia o saldo comercial do país.
"É uma aceleração pequena em relação a janeiro, mas nada que não esperássemos", disse Pedro Siaba Serrate, chefe de pesquisa e estratégia na Portfolio Personal Inversiones, uma corretora de Buenos Aires. "Teremos que aguardar para ver como será março, que, segundo nossos indicadores de alta frequência, pode colocar um teto neste ritmo."
O ministro da Economia argentino, Luis Caputo, havia dito anteriormente em uma entrevista que esperava que a taxa de inflação mensal caísse para menos de 2% após a modificação. Mas os economistas já esperavam um impacto negativo da carne vermelha, que tem grande peso na cesta de inflação, além da volta das crianças às escolas em fevereiro, o que também pressionou os preços.
Alimentos e bebidas lideraram aumento
Os aumentos de preços foram liderados pelos custos de habitação, seguidos pela alimentação, de acordo com os dados do governo.
"Diferentemente dos meses anteriores, alimentos e bebidas lideraram os aumentos, especialmente a carne vermelha, que subiu mais de 7%, e menos em áreas como óleo vegetal", disse Maria Castiglioni, diretora da empresa de consultoria C&T Asesores, de Buenos Aires. "Mesmo assim, a inflação ano a ano caiu dramaticamente em comparação com fevereiro do ano passado."
A economia tem mostrado sinais consistentes de ganho de impulso após uma profunda recessão. A atividade econômica subiu 0,5% em dezembro, superando as expectativas pelo terceiro mês consecutivo. Enquanto isso, o governo enviou sinais claros de que um novo programa com o Fundo Monetário Internacional está mais próximo do que nunca.
Economistas consultados pelo banco central da Argentina esperam que a inflação anual caia para 23% este ano, enquanto o governo previu 18% em seu orçamento para 2025.