Economia
Inflação nos EUA cai 0,1% em dezembro e encerra 2022 com alta de 6,5%
Preços ao consumidor no país caíram inesperadamente pela primeira vez em mais de dois anos e meio no mês passado.
O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos caiu 0,1% em dezembro, depois de subir 0,1% em novembro, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira (12). Com isso, a inflação para o consumidor atingiu 6,5% no acumulado em 12 meses, acima da meta de 2%.
No mês passado, os preços ao consumidor no país caíram inesperadamente pela primeira vez em mais de dois anos e meio em dezembro, em meio à queda nos preços da gasolina e de outros bens. Esse foi o primeiro recuo no índice desde maio de 2020, quando a economia estava se recuperando da primeira onda de infecções por covid-19.
Economistas consultados pela Reuters previam que o índice de preços ao consumidor permaneceria inalterado.
Repercussão
Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, avalia que o número mostra que a inflação nos Estados Unidos vem melhorando e está mais controlada.
“Com os dados em linha com o esperado, a expectativa agora é que Federal Reserve suba os juros em 0,25 ponto percentual e não em 0,50 ponto percentual em sua próxima reunião, o que é muito bem visto pelo mercado”, estima Cohen.
Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital, afirma que o mercado reagiu relativamente bem aos dados, por terem caído mais que o esperado, e que os números não trazem grandes novidades para o Fed. Segundo Costa, a discussão segue em torno de elevação da taxa de juros de 0,25 ponto percentual ou de 0,50 ponto percentual.
“O Fed tem bastante grau de liberdade para decidir entre qualquer uma dessas opções, dado um conjunto de dados que saíram recentemente, como do mercado de trabalho e inflação”, diz Costa.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, afirma que os números vindo abaixo do esperado é uma boa notícia, mas o declínio foi, de certa forma, tímido e muito derivado da queda dos preços de gasolina.
De acordo com Alves, outro ponto que segue preocupando são os maiores custos com moradia (que respondem por 1/3 do índice) com os preços de acomodação que seguiram subindo.
“As apostas do mercado seguem sendo a de um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em 1 de fevereiro”, diz o estrategista-chefe da Avenue.
Andrey Noise, da Noise Finance, considera que, com o resultado desta quinta-feira (12), o que se confirma, evidentemente, é que a inflação caminha a passos largos para uma normalização ao alvo de 2% a 3%, porém, por outro, lado mostra que a economia americana está desacelerando também.
“Os números de ISM em serviços da semana passada confirmam isso. Saíram em 49 (gestores de serviços pessimistas) contra uma estimativa de 56 (otimistas). Assim, a tendência é que nos próximos meses vejamos uma piora nos números de emprego nos Estados Unidos. E isso será o fiel da balança para determinar as decisões do Fed. Se o desemprego não aumentar, o Fed, dificilmente, sinalizará corte de juros em 2023 e isso servirá para manter a pressão monetária nos ativos de risco”, afirma Noise.
(*Com informações da Reuters)
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